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15/11/2016 - 07h06
A situação da produção de tabaco
José Luiz Tejon Megido
 

Há sempre uma grande polêmica quando tratamos do agronegócio do tabaco. Do fumo, e inevitavelmente surge uma mistura considerável dos aspectos dos males do tabagismo, com a produção no campo do tabaco.

Mas o curioso seria salientar que na questão que envolve a coordenação da cadeia produtiva, temos nesse setor tudo de mais avançado e evoluído sob o ponto de vista de coordenação e de gestão. E, mesmo da qualidade de vida em suas cidades, como Santa Cruz do Sul, por exemplo.

Então, independente do tema “males do cigarro”, esse setor do tabaco tem muito a ensinar em termos de gestão, para todos os demais; o leite, o frango, o suíno, as frutas, o arroz e o feijão, a mandioca, o trigo, o cacau. Enfim, todos precisam olhar e aprender com a administração da cadeia produtiva ou o agronegócio do fumo.

Iro Schunke, presidente do Sinditabaco, afirmou em entrevista para uma revista que “quem fuma não deixará de fumar só porque o tabaco não é produzido no Brasil”. O Sinditabaco representa 15 empresas gaúchas, no ano passado exportaram o equivalente a 2,2 bilhões de dólares e aí vem um tema delicado e muito realista.

Hoje temos no Brasil 154 mil produtores de fumo, com 615 mil pessoas envolvidas. E isso gera cinco bilhões de reais de receitas para os produtores. Essa cadeia produtiva contribui com um total com mais de 12 bilhões de reais de impostos. Substituir a renda desses produtores por outros produtos será praticamente impossível, pois um hectare de tabaco equivale a renda de oito hectares de milho. E, metade da renda desses produtores vem do fumo, porém a outra metade vem da diversificação com outras culturas. 15 hectares é a área média desses produtores hoje no país, com o fumo em apenas 17% dessa área, o restante é com diversificação.

Eu não fumo e não incentivo o fumo, mas fica aqui uma questão muito realista para tratarmos. Como vamos substituir essa atividade no Brasil, caso saia vencedora a ideia de exterminar o tabaco do agronegócio brasileiro? O contrabando que hoje já representa seis bilhões de reais anuais vai crescer? A sociedade vai parar de fumar? Os países importadores irão parar de importar ou comprarão dos nossos concorrentes? O mal seria o produtor do tabaco ou a consciência do fumante?

Eis uma bela questão, mas aprender com a competência desse setor na gestão da sua cadeia produtiva, isso sim, todos os demais setores deveriam aprender. O mais atacado e perseguido é ele, onde reside a maior competência de administração de toda a sua cadeia produtiva. Não fique furioso, fique curioso!


Nota do Editor: José Luiz Tejon Megido, Conselheiro Fiscal do Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS), Dirige o Núcleo de Agronegócio da ESPM, Comentarista da Rádio Jovem Pan.

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