Estamos preparados para cuidar de nossos pais quando a velhice chegar? Conheça as principais angústias e saiba como lidar com elas
São muitas as coisas que nos vêm à cabeça quando pensamos na velhice. “Preocupo-me com o envelhecimento dos meus pais e ainda mais com o meu. Penso que é nossa responsabilidade nos prepararmos para esse futuro com planejamento e os pés no chão. Não gostaria de ser um entrave para os meus filhos. Seria muito bom chegar aos 80 anos com saúde, disposição e autonomia, mas se a saúde não permitir, que as finanças me permitam pagar por um auxílio”, conta Patricia Favoreto, arquiteta e mãe de três. Mas, em geral, a população brasileira não pensa como Patricia. Segundo pesquisa recente realizada pelo SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito), a população mais velha não consegue pagar as contas só com a aposentadoria. Mais de um terço dos idosos (33,9%) que estão aposentados continuam trabalhando, a maioria (46,9%) porque não precisa complementar a renda. E 35% dos entrevistados admitiram não ter se preparado para enfrentar esse momento. Além do aspecto financeiro, que certamente traz mais tranquilidade para atravessar esse período, há outras questões que a velhice traz. A pergunta que nos fazemos diante desse desafio é essa. Estamos preparados para lidar com todas as questões do envelhecimento? Seremos capazes de auxiliar nossos pais sem tirar a liberdade e independência da vida deles, enquanto isso for possível? Para a dentista Monica Bucca, mãe de um casal, o principal desafio é o de respeitar a necessidade do idoso de manter sua liberdade pessoal em escolher, decidir, liderar, ser ouvido. “Não podemos tirar essa liberdade nem limitar a autonomia enquanto eles são capazes de ter independência, e temos que estar atentos para não cair na armadilha de inverter os papeis e tratar nossos pais como bebês”, considera Monica. Como vimos, a população está ficando mais velha, mas ainda mantém a autonomia, uma vida social e profissional ativa, que muda aquele perfil do idoso que precisa ser cuidado de forma passiva 24 horas por dia. “Os idosos de hoje são muito mais independentes do que eram no passado. Os cuidados que eles necessitam estão muito mais ligados à presença e ao suporte em demandas específicas” explica a especialista em qualidade de vida na terceira idade, Marcia Sena (www.seniorconcierge.com.br). Por outro lado, o suporte tem que ser incondicional e sempre de acordo com as necessidades. Para a bióloga Paula Asprino, mãe de duas meninas, ter todo tipo de suporte é fundamental nessa etapa da vida. Não dá para abrir mão. “Acredito que é sempre necessário. Pode ser para levar e trazer de alguma consulta, ou passeio, fazer comida, estar disponível para uma emergência”, pondera Paula. Ter esse respaldo é uma necessidade. Não somos polivalentes nem conseguimos estar em diversos lugares ao mesmo tempo. E mais importante do que isso é garantir a qualidade de nosso tempo ao lado de nossos pais. Quando temos como aliados serviços e opções que nos auxiliam em tarefas específicas, podemos repensar como queremos passar esse tempo ao lado deles. “Nada mais triste do que ver filhos sempre irritados com atitudes naturais dos idosos, na maioria das vezes ligadas com a velocidade. Eles perderam essa urgência do mundo moderno, eles têm um caminhar mais lento, respostas mais lentas, dificuldades em todos os níveis. Estamos vivendo e assistindo a uma geração de idosos que é órfã de filho vivo, e não precisa ser assim”, alerta a especialista Marcia. Quem cuida de um idoso, seja ele alguém da família ou um cuidador especializado, deve estar atento à qualidade desse relacionamento, para colaborar com esta tarefa, Marcia Sena separou algumas dicas importantes: - Tire o idoso de casa - O ar livre e a socialização fazem bem para a saúde e autoestima. - Prepare a refeição predileta dele - isso ajuda a trazer boas lembranças. - Deixe a televisão desligada por períodos mais longos - coloque música na vida do idoso, peça para que ele toque um instrumento que ele já tenha conhecimento anterior. “Não basta apenas dar assistência, é preciso conviver, e com isso promover uma qualidade de vida melhor”, complementa a especialista.
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