Como separar o útil do inútil
Muito se tem falado e discutido em torno desse dilema: como filtrar a avalanche de informações que nos chegam diariamente. A realidade é que há algumas décadas havia escassez de informação e hoje, por ironia do destino, a percepção é de excesso de informação. E possivelmente muitas das informações em nada nos ajudam e nem agregam à nossa vida; pelo contrário, chegam até a atrapalhar... “mas como assim ? Informação nunca é demais.”, alguém pode questionar. Sim, há controvérsias, mas vamos recorrer a algumas citações. Um livro, do autor norte-americano Clay Johnson, cujo título original é “The information diet – a case for conscious consumption” e publicado em português pela Novatec Editora com o título “A dieta da informação”, chega a explorar um paralelo da informação com a alimentação. O site Leia Livro, na apresentação e sugerindo a compra desse livro, resume o seguinte: “Do mesmo jeito em que devemos evitar comer alimentos calóricos em grande quantidade, pois os mesmos podem resultar em obesidade física, nós também devemos evitar a grande massa de informações inúteis e de baixa qualidade que nos é enviada diariamente, pois elas podem resultar no que o autor chama de ‘obesidade mental’, ou seja, ignorância.” Outro livro, cujo título “Obrigado pelo informação que você não me deu” (escrito por Normann Kestenbaum e publicado no Brasil pela Editora Campus Elsevier em 2007) até considero intrigante. O desafiador recado que ele passa, no entanto, é mais ou menos assim: Em uma exposição, palestra ou apresentação, deixe pra lá tudo o que existe e/ou o que você sabe sobre o assunto e vá direto ao ponto; preocupe-se com o que o(s) interlocutore(s) quer(em) saber e não com tudo o que você sabe ou tem de informação a respeito. Carlos Drummont de Andrade (1902-1987) nos deixou o seguinte legado sobre esse assunto: “Perder tempo em aprender coisas que não interessam, priva-nos de descobrir coisas interessantes.”. Esta afirmação pode ser trazida também para o nosso dia-a-dia e realidade corporativa, onde geramos ou absorvemos excesso de informação, refletindo no seguinte: o precioso tempo que gastamos com informação que não agrega, poderíamos ter investido em buscar informação mais útil ou ocupar-nos com algo mais produtivo. Dentro do mundo corporativo podemos citar Peter F. Drucker (1909-2005), considerado como o pai da administração moderna, a quem é creditada a afirmação “Informações são dados endossados por relevância e sentido”, quando abordado o tema “informação x dado”. E aí talvez surja a pergunta: em que momento consigo discernir se o dado é relevante ou faz sentido? Diante disto, proponho um exercício simples, questionando-se “por que” ou “para que” quero/preciso desse dado... se houver resposta clara e convincente, vá em frente. Do contrário, talvez você esteja “perdendo tempo em aprender coisas que não interessam” ou se ocupando com dados sem relevância ou sentido. E se você é um gestor dentro de uma empresa ou de uma entidade pública ou privada, pense nisso também sempre que estiver compilando dados em planilha eletrônica, solicitando ou desenvolvendo um novo relatório ou, até, diante da escolha de um software de BI (Business Intelligence): “o que eu realmente preciso?” ou “do que de fato vou fazer uso na minha atividade?” Nota do Editor: Leonardo Matt é Vice-Presidente de Qualidade, Planejamento e Controle da Assespro-Paraná e diretor da BXBsoft (bxbsoft.com.br).
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