Juiz federal encerra seminário internacional sobre ética, em Curitiba
Em palestra para mais de 2 mil pessoas, o juiz federal Sérgio Moro encerrou o seminário internacional "Vamos conversar sobre ética", na última quinta-feira, 18, no Teatro Positivo, em Curitiba. O magistrado relatou sua experiência à frente da operação Lava Jato e respondeu as perguntas de estudantes da Graduação e Pós-Graduação da Universidade Positivo sobre o tema. Ele enfatizou a importância da ética nas pequenas coisas para o combate à corrupção. Em um de seus exemplos, Moro afirmou que ficou impressionado com a magnitude da abertura dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro e, por outro lado, ficou desapontado com a torcida brasileira, em relação às vaias às equipes e atletas estrangeiros. Não é um comportamento ético, nem olímpico", criticou. Sobre a Lava Jato, Moro ressaltou que a operação não é a solução para o problema da corrupção sistêmica no Brasil, mas é o primeiro passo. O juiz federal comanda, desde 2014, o julgamento em primeira instância dos crimes identificados na operação Lava Jato que, segundo o Ministério Público Federal, é o maior caso de corrupção e lavagem de dinheiro já apurado no Brasil, envolvendo agentes políticos, empreiteiros e funcionários da Petrobras. Promovido pela Universidade Positivo (UP), o seminário internacional “Vamos conversar sobre ética”abordou a ética nas esferas empresarial, pessoal e corporativa. Na terça-feira, dia 16, o empresário e fundador do Grupo Positivo, Oriovisto Guimarães, discorreu sobre o tema “Ética e saber: a importância da ética na vida e no trabalho”. Ele citou uma série de pensadores e, por meio da filosofia, contextualizou a ética em todas as suas teorias, chegando à seguinte pergunta: “Existe empresa ética?”Segundo o empresário, não existe empresa ética ou aética: “a ética éuma virtude que só se aplica aos seres humanos”, explicou. Lava Jato x Mãos Limpas Na quarta-feira, dia 17, o empresário italiano e professor da Università degli Studi di Pisa, Sergio Casella, autor do livro A moralidade corporativa – um modelo baseado na ética para ter sucesso nos negócios, ministrou palestra sobre o tema principal de sua obra. Presidente de operações internacionais da Paper Converting Machine Company, empresa multinacional americana com sede na Itália, Casella afirmou que não há ética sem liberdade: “para agir de forma ética, temos que poder escolher”, ressaltou. Quando questionado sobre as semelhanças e diferenças da operação Lava Jato, em relação à Mãos Limpas, da Itália, Casella acredita que a Lava Jato tenha maior magnitude, embora ambas tenham o mesmo propósito de acabar com a corrupção. “Antes de Mãos Limpas, corrupção era ético, um comportamento aceito e difundido. Todos sabiam, ninguém reclamou. Hoje, é considerada um crime. Agora, as relações entre as empresas e governo são definitivamente diferentes. No entanto, os jogos de poder existem desde sempre. O favoritismo continua existindo - parentes ou amigos têm posições políticas de privilégio ou alguns facilitadores para que determinadas empresas ganhem contratos públicos. Mas, se essas coisas são descobertas, vêm à luz. A Mãos Limpas ajudou a repor a legalidade, mas não ética", explicou. Os três convidados insistiram na mesma receita: a ética só pode ser alcançada com uma mudança cultural na população, nas empresas e nos governantes. Casella instigou a reflexão sobre a liderança indicativa (na qual o líder comanda pelo exemplo), que deve preceder a liderança imperativa (que dita regras). “Não se pode esperar que as pessoas deem o que nunca receberam”, ressaltou o empresário. A renda do evento foi integralmente revertida para o projeto Arranjo de Desenvolvimento da Educação, realizado pelo Instituto Positivo, em prol da melhoria da qualidade da educação pública brasileira, que congrega municípios e estabelece metas para o apoio mútuo de educadores. Atualmente, mais de 80 mil alunos são beneficiados pelo programa. O evento marcou também o lançamento do terceiro Relatório de Sustentabilidade do Grupo Positivo, que pode ser conferido através do link.
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