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19/06/2016 - 07h50
Bullying e as crianças com sobrepeso
Ana Regina Caminha Braga
 

Bullying é um tema que repercute não apenas no cenário escolar, mas possui desdobramentos noutras instâncias da vida das pessoas. Todavia, é importante consolidar seus conceitos e lutar para o combate de sua progressão no meio escolar. O papel que a escola precisa desempenhar em relação ao bullying com as crianças, em específico nos casos de sobrepeso, é o de amenizar qualquer distância que menospreza ou impossibilita o outro de mostrar o seu potencial.

Como mestre e pesquisadora da Educação é possível compreender que a escola precisa trabalhar e se desenvolver para que a tomada de consciência aconteça de modo geral, desde a equipe pedagógica, o administrativo até os discentes. Por isso, devemos estar atentos para detectar o processo e trabalhar em prol dos alunos vitimizados pelo Bullying. Essa mobilização talvez seja uma alternativa para diminuir tal sofrimento. Cabe também ao núcleo escolar proporcionar aos alunos a participação em feiras culturais, exposições, diálogo com outros colegas e assim por diante, deixando-os mais à vontade no meio.

A obesidade infantil pode ter inúmeras consequências, inclusive na vida adulta. Os problemas de saúde não são apenas físicos, mas também psicológicos. As crianças com sobrepeso têm uma imagem corporal negativa, que leva a uma baixa autoestima; sentem-se ansiosos em relação ao peso, discriminados e estigmatizados por colegas e adultos. Isto tem consequência no comportamento, além da condição de afetar negativamente seu progresso acadêmico e social. Da mesma maneira, o tratamento deve ser multidisciplinar e incluir vários profissionais. É de extrema importância a intervenção na família e na escola, com planos que possam mediar o estilo de vida saudável.

Essas crianças chegam aos consultórios bastante sofridas, e mesmo assim sabemos que a maior parte delas não terá atendimento adequado, e, em alguns casos, nem o reconhecimento da situação. Diante do exposto, a principal forma de lutar para evitar o bullying, é investir em prevenção e estimular a discussão aberta com todos os atores da cena escolar, incluindo pais e alunos. Orientar os pais para que possam ajudar, pois os mesmos devem estar sempre alertas para o problema, seja o filho vítima ou agressor, ambos precisam de ajuda e apoio psicológico. Em muitos casos é esquecida a prática de cuidar do agressor, este também pede socorro.

Muitas crianças que são vítimas desse ato preferem não frequentar as aulas por medo de serem humilhadas, e outras preferem iniciar dietas milagrosas para adquirir um corpo magro e se adequar ao modelo de sociedade para não mais sofrerem o bullying. O bullying é um problema sério que precisa ser extinto, com o apoio do colégio, pais e próprios alunos. O culto do corpo perfeito já está contaminando por essa razão as crianças preferem ser magras, a ser saudáveis. Estar em sobrepeso não é ser saudável, no entanto, não é motivo para ser humilhado. E isso requer um tratamento multidisciplinar.


Nota do Editor: Ana Regina Caminha Braga (anaregina_braga@hotmail.com) é escritora, psicopedagoga e especialista em educação especial e em gestão escolar.

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