A experiência mostra que quando habilidades e expertises se juntam para realizar um esforço coletivo, articulado e focado em um objetivo comum, grandes transformações tornam-se possíveis. Dá para vencer desafios enormes, atingir metas difíceis, virar um jogo perdido, conquistar medalhas. A cooperação realmente fortalece. Isso acontece porque quando abandonam o isolamento para se unir, pessoas ganham status de grupo e, assim, conquistam expressividade, e, mais importante, credibilidade. Ficam, portanto, mais fortes. Fortalecidas, geram uma mobilização capaz de abrir portas, vencer burocracias e até estimular algumas decisões que, de outra forma, poderiam ser mais lentas (ou nem acontecer). Os resultados podem ser, sim, maravilhosos. No entanto, é preciso deixar de lado a visão romântica de cooperação. Cooperar não se trata de simplesmente unir forças, cada um fazendo o que pode, quando pode. Para dar resultado, o trabalho em rede precisa de estrutura, planejamento estratégico, comprometimento e responsabilidade de todos os envolvidos. É preciso existir uma liderança, objetivos bem definidos e um plano de ação claro. A verdadeira cooperação também precisa estimular o chamado “empoderamento” do grupo, um processo que garantirá a independência desse coletivo, tanto de órgãos externos quanto de indivíduos específicos. Isso é algo essencial para a continuidade do trabalho. O envolvimento de vários stakeholders de diferentes esferas nas decisões é um bom exemplo de estratégia de cooperação. Se a questão for, por exemplo, a melhoria da infraestrutura da escola, o tema não deve ficar restrito à direção, mas envolver os pais, os alunos, os professores e lideranças da comunidade. Quando as pessoas são envolvidas nas decisões, entendem melhor o processo, muitas vezes baixam as resistências que porventura tenham e podem sentir-se co-responsabilizadas pelo sucesso (ou fracasso) da iniciativa. Cooperar é somar esforços, mas é também dividir responsabilidades. O principal desafio da cooperação talvez seja superar obstáculos já esperados, mas nem por isso menos complicados: falta de flexibilidade das partes, ausência de informação, interesses individuais que insistem em passar à frente dos coletivos, interesses partidários, egoísmo e as mais diversas formas de resistência. Por isso, antes de tudo, é fundamental existir predisposição para o diálogo e para o exercício, quase nunca fácil, de ouvir o outro. É preciso haver a clareza de que o acordo e a ação conjunta vão gerar uma transformação e trazer à tona o resultado de interesse geral. O diálogo é necessário em todos os momentos do processo, que envolve muitos encontros, rodadas de conversas e entendimentos para conciliar as diversas realidades, necessidades e expectativas em jogo. Não é de um dia para outro que se chega a um denominador comum - é preciso exercitar. Tem de ter paciência. Mas no final, todos que trabalharam focados e unidos vão celebrar a conquista de um objetivo comum. Nota do Editor: Cristiane da Fonseca é Coordenadora de Responsabilidade Social do Instituto Positivo.
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