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14/02/2016 - 15h05
A transição do berço para a cama
Cynthia Boscovich
 

A transição do berço para a cama, às vezes tira o sono de alguns pais. E o que deveria ser algo natural passa a ser uma grande dificuldade, que acomete pais e filhos.

Saber qual é o momento certo para fazer a transição do berço para a cama, nem sempre é uma tarefa tão simples de ser realizada. Observo que muitas famílias se atrapalham nessa fase, e me faz pensar que talvez não seja o momento exato para fazer essa transição, ou então a criança está tentando comunicar algo e os pais devido à ansiedade, angústia ou até mesmo atribulações do dia a dia, não conseguem perceber.

É importante que os pais se mantenham tranquilos para perceber se a crianças está preparada. Muitas vezes, a criança não está madura ainda para sair do berço e os pais, devido à suas necessidades ou até mesmo influenciados pelo excesso de informações, antecipam o processo, que podem resultar em comportamentos das crianças que nem sempre são muito claros.

A criança dá sinais e comunica estar preparada, no entanto nem sempre é fácil realizar essa leitura. E isso não acontece somente relação à transição da cama para o berço, podemos perceber facilmente tais comunicações em outras situações como por exemplo, no desmame, na retirada das fraldas, na retirada da chupeta ou outros objetos de apoio, entre outras tantas situações.

Um grande erro que se pode cometer nesse momento é comparar uma criança com outra. Vale ressaltar que cada criança é uma criança e apesar da idade, tem seu tempo próprio de amadurecimento, além da suas características de personalidade. E o que é para um, não necessariamente será para outro. A criança precisa estar segura e são os pais quem devem lhe passar tal segurança. Às vezes convém esperar um pouco, e observar o tempo certo para isso. Mas tal observação nem sempre é simples de ser feita, pois a criança não vive um fato isoladamente. Por isso pode ser de grande valia, procurar uma orientação, e isso não quer dizer que a criança esteja com algum problema ou que os pais são incompetentes para lidar com isso. Muitas vezes é confuso mesmo e um profissional, sendo uma pessoa neutra, pode colaborar bastante para a elucidação dos fatos, bem como orientar em relação ao manejo da situação.

A participação da criança nessa transição é fundamental para que ela se sinta bem, por isso chamamos de transição, pois é algo que deve ser feito gradativamente e com cautela.

Quanto mais os pais se mantiverem tranquilos e serenos, mais facilmente conseguirão perceber o que acontece no ambiente e em relação aos seus filhos. E não precisam se sentirem culpados por não conseguirem fazer isso sozinhos e nem se cobrarem serem super-heróis.


Nota do Editor: Cynthia Boscovich (www.cuidadomaterno.com.br) é psicóloga clínica, psicanalista. Membro regular da sociedade brasileira de psicanálise winnicottiana. Atende adolescentes e adultos em seu consultório. Desenvolve também um trabalho específico com gestantes, mães e bebês, na área de prevenção e tratamento e orientação de pais.

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