Bebida representa um combustível para o corpo com gosto de infância
Quem mora nas grandes cidades com certeza já matou a sede com a cana moída na hora nas barraquinhas das feiras-livres. Já quem vive no interior certamente viu canaviais gigantescos e quem sabe até teve a sorte de experimentar a planta logo depois de ser colhida. A cana-de-açúcar foi a primeira cultura trazida para o Brasil pelos portugueses no período colonial. O cultivo deu tão certo por aqui que o país é o maior produtor do mundo. Um cenário que tem tudo para continuar em expansão. Uma estimativa do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento prevê que até 2019 a produção deve crescer 3,25%. Se no campo o cultivo do produto é um bom negócio, para o corpo o consumo também representa benefícios. O caldo da cana, que é conhecido como garapa em algumas regiões, é fonte das vitaminas A, B e C, que ajudam, por exemplo a aumentar a resistência do corpo, a equilibrar o sistema nervoso e melhorar a cicatrização. Ele tem alto teor de minerais como o ferro, cálcio, potássio e magnésio, que fortalecem os ossos, são indispensáveis na formação do sangue, isso só para citar algumas características. A cana pode ser uma aliada importante para quem tem um dia a dia agitado. A explicação é simples: ela ajuda a repor as energias. Quando há um gasto calórico grande, o corpo usa a energia acumulada nas células musculares. Se as reservas acabam, o organismo começa a queimar massa muscular. O caldo de cana tem a propriedade de repor rapidamente a energia por causa de seus açúcares – sacarose, glucose e frutose, auxiliando a evitar a perda de músculos. As propriedades do caldo de cana como combustível para o corpo já foram tema de uma pesquisa desenvolvida pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Os pesquisadores acompanharam a rotina dos jogadores da Ponte Preta para saber como o corpo deles reagia diante de tantos exercícios. Eles analisaram o nível de ureia no sangue dos atletas logo após os treinamentos. Essa substância ajuda a avaliar se existe ou não perda muscular. Substituindo os suplementos energéticos industrializados por uma rodada de garapa ao fim de cada treino os pesquisadores concluíram que os índices de ureia no sangue diminuíram, o que significa uma menor queima de massa muscular. Na prática, eles passaram a ser capazes de correr mais, sem perder músculos, melhorando o rendimento. O sabor doce é uma das principais características da cana. Ela tem outras vantagens: é natural, possui o chamado “açúcar bom” e até propriedades antioxidantes. Por falar no gosto doce da cana, o caldo bem geladinho é saboroso, refrescante e acompanha muito bem pasteis, sanduíches, salgados, pães de queijo e o que a criatividade permitir. E assim fica fácil associar o consumo ao prazer. Satisfação que faz parte da memória afetiva de muitas pessoas. A cana que sai do campo é espremida, vira ingrediente e assim vai agradando mães, filhos, avós, netos, ou seja, a família toda. Uma tradição que acompanha o brasileiro desde o período colonial e resiste ao tempo. Um presente dos portugueses que encontra nos benefícios à saúde o espaço para se manter na dieta por muitas e muitas gerações.
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