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25/10/2015 - 18h19
Um basta para as perdas
Gabriel Gueler
 

A retração da economia tem empurrado as empresas brasileiras na direção da competitividade. Em meio à turbulência, as organizações antes acostumadas a avaliar determinadas perdas como parte do negócio já consideram a possibilidade de investir na eliminação de desperdícios em favor de uma produtividade que, mais que vantagem competitiva, pode significar sobrevivência no momento de crise. Refiro-me aqui especificamente ao segmento de embalagens, que tradicionalmente sofre as consequências das lendárias perdas que ocorrem no transporte de cargas no Brasil.

Não que outros não estejam travando a mesma batalha, ainda mais em tempos como estes que o País atravessa. Mas durante a realização pela Smarttech este ano do Tech Day Embalagem, pude perceber, pela alta receptividade das empresas ao evento, certa urgência em descobrir novos caminhos para a produtividade, dando um basta para as perdas.

Passaram por lá gigantes de setores industriais, como cosméticos, farmacêutico, bebidas, limpeza e matérias-primas, entre outros, ávidos para encontrar soluções para processos mais robustos de produção e para o aperfeiçoamento das próprias embalagens, a fim de minimizar suas perdas.

As perdas ocorridas no transporte de cargas somam bilhões de dólares anuais no mundo. No Brasil não se tem estatística confiável sobre esse valor, mas estima-se que seja alto. Deve ser essa a razão pela qual a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) constituiu um grupo especial para estudar e fixar normas para a fabricação de embalagens para transporte.

A boa notícia é que soluções existem, estão aqui mesmo, e são capazes de minimizar as perdas “naturais” na movimentação de mercadorias em um território como o nosso, de extensão continental e com estradas cuja topografia se assemelha a das crateras lunares.

Estou falando de soluções para embalagens mais resistentes e adequadas ao transporte de cargas nas condições brasileiras, não contempladas nas normas internacionais, que preveem, por exemplo, a movimentação da carga apenas na direção vertical. Outros aspectos como a manipulação da carga antes da chegada ao caminhão, também ficam de fora, sem falar das condições de armazenamento nessa fase, em que não raro a umidade danifica as caixas de papelão.

As normas internacionais também ignoram as diferenças entre as acelerações que as embalagens sofrem pelas irregularidades do solo de nossas estradas e aquelas dos países do hemisfério norte, bem como as diferenças causadas pelas diferentes suspensões dos veículos que, em tese, pode minimizar (ou amplificar) as movimentações das embalagens.

Trata-se de um enorme desafio para as empresas do segmento, considerado entre os mais inovadores do setor industrial.

Felizmente, os desafios tupiniquins podem ser praticamente anulados com o uso de tecnologia, com resultados surpreendentes de competitividade. Entre as inovações disponíveis no Brasil, oferecidas pela Smarttech, está a simulação em laboratório do comportamento da embalagem durante o transporte por caminhão, em que é possível avaliá-los e melhorar seu desempenho.

Por meio de tecnologias inéditas no País em simulação virtual, testes físicos, metodologias e processos de engenharia para o desenvolvimento acelerado de embalagens eficientes em plástico, alumínio, papelão e vidro, em prazos mais curtos e com redução de custo, desenvolvemos um sem número de alternativas às empresas. Soluções que passam pela análise das matérias-primas, da geometria e do processo de fabricação da embalagem, nas diversas variáveis conhecidas pela engenharia e catalogadas na literatura, como dureza, peso e densidade.

Nesse processo, a interatividade com o cliente é total. Suas propostas de soluções não só são levadas em conta como também são testadas. Até mesmo as máquinas que são usadas pela empresa na produção e sua capacidade de atender, por exemplo, a uma nova geometria, são consideradas.

Vale dizer que a tecnologia não encerra a questão. É preciso uma equipe treinada e capacitada para entender a necessidade do cliente. Na coleção de atendimentos a projetos desse setor inovador, aprendemos que esse é um pré-requisito para o sucesso desse negócio. Novas embalagens reduzem custos de transporte e logístico, agregam valor ao produto, e melhoram a produtividade.


Nota do Editor: Gabriel Gueler é doutor em Engenharia pela Escola Politécnica da USP com 30 anos de experiência em simulações e testes em diferentes empresas do setor da mobilidade, e consultor desde 2006. Atualmente faz parte do conselho do grupo Smarttech.

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