Os jovens sempre precisaram contestar os valores vigentes para determinarem seus papéis sociais e estabelecerem seus próprios parâmetros. Cada época contou com um ou mais comportamentos que definiam ou ilustravam essa necessidade e retratavam toda uma geração. O amor livre, as drogas e as gangues foram algumas das formas que os jovens encontraram para mostrar à sociedade que podiam ditar o próprio rumo da escolha de quando, onde e com quem estar sem as amarras das regras ou da educação. Na adolescência esse tipo de comportamento é esperado e ter novas experiências faz parte da formação do indivíduo como um todo, mas a escolha de quais experiências é que denunciam como este jovem está administrando a nova fase, ou seja, se este momento de sua vida esta sendo vivido de uma maneira saudável ou não. Cada vez mais perigosas essas "rebeldias" assustam pais e sociedade em geral pela proximidade do risco de morte a que expõe os jovens e suas ousadias. Experimentar drogas pesadas, fazer sexo sem camisinha e correr o risco de ser contaminado, se expor a ação de ladrões ou mesmo se acidentar em madrugadas regadas a muito álcool fazem parte do universo de muitos jovens que, à luz do dia, se comportam muito bem e cumprem com suas obrigações. O problema é que hoje balada legal tem, no mínimo, muita bebida e, quem bebe muito está curtindo, e daí pra frente pode tudo dentro do limite de cada um, sendo que esta realidade é a mesma para homens e mulheres, e limite é uma palavra que poucos conhecem. Mas a "bola da vez" nas baladas inclui uma versão a mais a todos os excessos citados que é a opção do "alternativo". O "alternativo" não tem mais preferência sexual. Ele gosta de pessoas, assim se definem estes jovens que, hora estão "ficando" com homens, hora com mulheres ou que, ainda, propõem aos amigos os trios, que podem ser de dois homens e uma mulher ou vice-versa. Todo mundo beija todo mundo e transa todo mundo valorizando a "vivência" do outro. O problema deste tipo de atitude é a confusão emocional e sexual que ela provoca e seus danos a qualquer equilíbrio estrutural que se preste em mentes muito jovens. Não se tem estatística sobre este novo grupo de jovens, mas o que se sabe é que nestes grupos a idade mínima encontrada está entre 16 e 17 anos, o que caracteriza pessoas muito jovens que estão começando a estruturar suas necessidades sexuais e emocionais. Esse tipo de atuação atende muito mais a uma necessidade de ser aceito e querido do que uma preferência sexual de fato. Estes indivíduos não são nem homossexuais, nem bissexuais, mas topam qualquer parada para serem aceitos, amados e queridos. Essa "opção FLEX" - passada a euforia de experimentar de tudo com todos - leva os jovens a apresentar sinais de comprometimento emocional como desmotivação, depressão, ansiedade, angústia e apatia, entre outros. Essa gangorra sexual impede que os indivíduos se liguem afetivamente criando vínculos, contrariando todas as necessidades deste momento de suas vidas que são justamente as trocas afetivas e também sexuais e não o contrário. Famílias desajustadas, ausência de limites na educação, imaturidade e pouca conversa dentro de casa são alguns dos fatores que levam os jovens a esse tipo de comportamento. Logo, é importante que os pais gastem tempo com seus filhos adolescentes e prestem atenção em suas conversas e amigos. As experimentações fazem parte da adolescência e a maioria dos pais opta por parar de interferir na vida dos filhos desta idade para que eles cresçam com suas vivências, mas esse "parar" é sentido como abandono por muito jovens e pode agravar ou gerar problemas que não se denunciam facilmente. Escolha sexual é coisa séria e é feita muito antes da adolescência, por isso, é importante que os jovens sejam bem orientados nesse sentido para que tenham uma vida adulta feliz e emocionalmente saudável. Nota do Editor: Silvana Martani é psicóloga e especialista em obesidade da Clínica da Beneficência Portuguesa.
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