Depois de quase um século e meio com as lâmpadas incandescentes reinando absolutas no mercado mundial, o consumidor acostumou-se a especificar uma lâmpada pela sua potência, deixando de lado outros importantes aspectos. Apesar de a tecnologia ter dado um salto incrível nos últimos anos, com o surgimento das fluorescentes compactas e, mais recentemente, com o advento das lâmpadas Led, que estão entrando no mercado e “nadando de braçada”, muitos ainda compram uma lâmpada pensando em Watts, mas por quê? A resposta para esta pergunta parece ser: pela simples comodidade, pois mudanças exigem esforço. Se por um lado os fabricantes parecem ter receio em ressaltar nas embalagens de seus produtos o fluxo de suas lâmpadas, temendo que o consumidor se confunda na hora da aquisição, por outro o consumidor parece mostrar-se indiferente a este tipo de informação, preferindo comodamente utilizar a potência em Watts como critério de escolha de suas lâmpadas. Afinal, como diz o ditado popular: “em time que está ganhando não se mexe”. Mas será que neste caso o ditado é válido? Em um mundo de tantos bytes, terabytes, megabytes, bites por segundo, pixels, megapixels está mais do que na hora de o consumidor escolher corretamente sua lâmpada, sabendo que Watt é um indicativo de energia consumida, que pouco tem a ver com “quantidade de luz produzida por uma lâmpada”. É importante que o consumidor saiba que assim como no mundo digitalizado, onde ninguém vende ou compra um notebook, uma câmera fotográfica ou um smartphone pela potência consumida, e sim pela sua capacidade de armazenamento, velocidade e resolução, existe uma unidade adequada que representa a quantidade do que realmente lhe interessa adquirir. No caso de lâmpadas, esta unidade é o lúmen, que expressa a quantidade de luz produzida por uma lâmpada e que pelos regulamentos aprovados pelo Inmetro são obrigatoriamente expostos nas embalagens das lâmpadas. Somente com a introdução deste conceito na cultura do consumidor brasileiro é que outros aspectos de grande importância poderão ser considerados quando na aquisição destes produtos. Aspectos estes hoje ignorados pela maioria dos consumidores, que muitas vezes justificam o fato de uma determinada lâmpada ter um valor mais alto do que a sua vizinha nas prateleiras dos supermercados. Um destes aspectos é o rendimento, ou tecnicamente falando, a eficiência da lâmpada, medida em lúmens / Watt. Podemos ter a mesma tecnologia em três diferentes lâmpadas de LED, com eficiências distintas, o que está relacionado diretamente a um maior poder de iluminação da lâmpada, uma vez que as três podem consumir a mesma potência: 10W. É importante que o consumidor tenha conhecimento de que esta maior quantidade de luz produzida pela lâmpada possivelmente é a razão de ela custar um pouco mais, o que de certa forma pode ser vantajoso para ele. Outros aspectos podem e devem ser considerados na aquisição de uma lâmpada, mas, para isto, é importante a disseminação do conceito de fluxo luminoso, sem o qual todo o desenvolvimento tecnológico aplicado nas lâmpadas Led não faz sentido para o consumidor, que vai continuar comprando lâmpadas baseando-se na potência consumida, achando simplesmente que as de maior potência iluminam mais do que as de menor potência. Conheça as unidades usuais relacionadas ao fluxo luminoso de uma lâmpada
Depreciação luminosa – Decréscimo da saída de luz de uma lâmpada, em lumens, verificado do início de operação ao final de vida, ou outro prazo. Manutenção do fluxo luminoso – Capacidade de uma lâmpada em manter a sua saída de luz ao longo do tempo. Maior manutenção do fluxo luminoso, significa que uma lâmpada permanecerá mais tempo com o mesmo fluxo luminoso. O oposto de manutenção do fluxo luminoso é depreciação lumínica, que representa a redução da emissão de lúmens ao longo do tempo. O factor LLD é um valor adimensional compreendido entre 0 e 1. Fluxo luminoso (medido em lumens) – Representa a Saída de luz geral de uma lâmpada ou luminária. E então, quem vai dar o primeiro passo? Nota do Editor: Rubens Rosado é formado em Engenharia Elétrica e especializado em Iluminação. Atualmente é assessor técnico da Associação Brasileira de Importadores de Produtos de Iluminação (Abilumi) e atua nas áreas de consultoria empresarial e perícia técnica judicial.
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