O exercício da liderança é uma das atividades mais prazerosas e motivadoras, pois envolve o desenvolvimento técnico e humano na organização. Há de se ressaltar, porém, que a liderança é motivadora, mas também estressante. Liderança envolve poder e influência – e o poder tende a gerar o distanciamento entre as pessoas. Essa distância causa uma sensação de solidão, uma percepção de que é deixado um pouco de lado no apoio e nos relacionamentos com as pessoas. É como se o líder tivesse que ser constantemente o alicerce emocional de todos sem precisar de contrapartida nessa área. O fato é que a liderança envolve pressões diárias, tomadas de decisões com informações fragmentadas, constantes crises, as árduas responsabilidades, sem contar a eterna necessidade de influenciar. O corpo humano não está preparado para isso e os líderes podem entrar num perigoso quadro de ansiedade, revolta e preocupação constante. Os líderes, além de administrarem as suas próprias emoções, precisam administrar as emoções dos outros. Como se não bastasse, eles precisam liderar pelo exemplo. Os líderes têm, ainda, a necessidade de inspirar as pessoas em torno de um objetivo comum, criar um propósito que deixe claro, não apenas “o que fazer” e “como fazer”, mas antes disso – e ocupando protagonismo – “por que fazer”. Desta maneira é que conseguirão mobilizar as pessoas em prol de objetivos maiores, que vão além dos meros interesses individuais. Abordei apenas alguns aspectos que envolvem a boa liderança, mas percebe quanta energia deverá ser dispendida nisso? Por isso é importante que o líder entenda que não é nenhum super-homem ou mulher maravilha. Toda essa carga, pode ser um gatilho para o surgimento do chamado estresse do poder, que transforma bons líderes em líderes dissonantes. E quando os líderes entram em dissonância passam a liderar mal, pois vão gerar frustração e antagonismo por onde passam, e, com frequência, nem percebem os estragos que causam. Como se não bastasse, o estresse do poder causa estragos na saúde dos líderes. É impressionante a quantidade de executivos que são acometidos por problemas graves de saúde. Vários desses líderes, inclusive, têm suas vidas e carreira interrompidas pelo fato de não terem conseguido harmonizar sua vida profissional e pessoal. Para ser um grande líder, é necessário que, antes de tudo, o profissional entenda isso. Assim, para evitar entrar no looping da dissonância, ele deve focar sua atenção no desenvolvimento de seu intelecto, na compreensão e no controle das emoções, cuidando de seu corpo, e indo ao encontro dos sonhos e crenças mais profundas que alimentam sua alma. Estamos falando de mudanças psicológicas e fisiológicas. Nota do Editor: Rodrigo Casagrande é professor de pós-graduação do ISAE/FGV na disciplina de Liderança e Desenvolvimento de Equipes, instituição responsável pela organização do 1º Leadership Forum ISAE, que será realizado no próximo dia 11 de agosto, em Curitiba (PR). Além disso, o profissional é sócio-diretor da Armatta Desenvolvimento Humano e Organizacional.
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