Eis um tema polêmico na maioria das escolas. Afinal, como devemos nos referir àqueles que educam e cuidam dos nossos filhos nas escolas? A forma como identificamos as pessoas, referindo-nos pelo nome ou pelo seu papel dentro de uma instituição ou família, mostra claramente a importância que essa pessoa tem. No caso de tratar os outros por sua profissão causa-me um certo constrangimento. Não gostaria de ninguém gritando por aí: - Ô Coordenador pedagógico, vem cá! Pior quando tratamos alguém atribuindo uma condição que não lhe é coerente. Durante muitos anos, a escola foi, e ainda desconfio que algumas sejam, um lugar para onde as atribuições de casa eram trazidas e transferidas. O cuidar era o que mais importava e prevalecia sobre as outras responsabilidades desta instituição. Para convencer as crianças de que a escola não deveria ser um lugar temido, procuraram transformar seu espaço na extensão da casa. A escola tem a responsabilidade de cuidar da mesma forma do que o educar. Outro problema nessa questão é a própria valorização do profissional que trabalhava na escola. Os professores, por serem de casa, da família, não precisavam nem ganhar muito nem ter estudo para desempenhar seu papel. Pai ou mãe não poderia ser, imagina que responsabilidade, então, só lhe restava ser tio ou tia. Na maioria das escolas do país, existe esse mau hábito que mantém a condição dos professores nessa esfera de desvalorização e engano. Muitos dizem: "Mas é tão carinhoso, as crianças se sentem bem!". Entendo o que querem dizer, mas não há nada mais carinhoso do que reconhecer e chamar uma pessoa pelo nome. As crianças se sentem bem quando há sinceridade nas relações, quando elas sabem que escola não é casa e que aqueles que trabalham na escola não são da sua família, mas querem seu bem. Também não há carinho maior para os professores do que serem chamados pelo nome e reconhecidos pela sua função. Afinal, estudaram muito (assim espero) para chegar nessa condição. Ninguém se forma para ser tio! Uma escola que permite essa confusão de papéis é uma instituição que não valoriza os profissionais que têm sob sua responsabilidade. A escola deve formar os professores para serem professores. Na concepção de escola, de docência e de subjetividade que a Estilo de Aprender tem, acreditamos que é fundamental que nos tratemos pelo nome, lembrando sempre que desempenhamos diversos papéis em nossas vidas e reconhecemos o lugar onde cada um pode entrar. Nota do Editor: Marcelo Cunha Bueno é Coordenador Pedagógico da Escola Estilo de Aprender.
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