Evolução e informação
Atualmente, a designação existente sobre a forma de participação social das pessoas deficientes (PDs) recebe o nome de inclusão. Diferentemente das primeiras - e recentes- manifestações sociais, e sobre o ponto de vista do desempenho de competências envolvidas com o trabalho, a evolução deste processo tem descritas etapas de: 1 - assistencialismo (até a década de 1940): influenciadas pela idéia do Cristianismo, a exemplo da caridade, as PDs eram mantidas em casas de assistência, geralmente deixadas pelas próprias famílias. Porém, com a perda desta influência, uma nova consciência profissionalizante passou a incentivar o crescimento produtivo da sociedade necessitada de mão-de-obra. 2 - habilitação e reabilitação (pós-guerra, década de 1950): o período posterior à II Guerra Mundial foi um marco para os questionamentos dos processos sociais, principalmente em relação às PDs e a maneira eram subjugadas perante a sociedade. As indústrias, antes nacionais, passaram a ocupar territórios e influência incisiva na economia em diferentes partes do globo. Houve o aumento na necessidade de mão-de-obra, uma vez que a demanda de trabalho precisaria estabelecer afinidade entre os novos padrões de consumo e produção. A palavra-chave globalização passou a identificar a sempre existente mudança social-política-econômica, também referentes às questões de empregabilidade e a participação das PDs como força de trabalho. 3 - atendimento segregado (década de 60): apesar de demonstrarem, dentro dos conceitos atuais de inclusão, um modelo de exclusão, foi assumida uma postura mais efetiva com a realidade da inclusão social, em que a prática integracionista iniciou a promoção da inserção das PDs nos organismos sociais. As instituições que então surgiam para atender especialmente as pessoas de acordo com suas deficiências. 4 - normalização (década de 70): sendo uma etapa da segregação institucional, a definição do "modelo médico" de deficiência expõe que a PD deveria ser moldada, isto é, este indivíduo deveria ser adaptado para fazer parte da sociedade do modo que ela é, sem maiores modificações e satisfazer os padrões do meio social. Confrontando o "modelo social" - de integracionismo - desenvolvido nas décadas de 60 e 70, valorizando os princípios de inclusão social, a normalização atenderia em partes as necessidades de socialização da PD, visto que as instituições buscavam o ambiente de socialização dentro da própria instituição. Inclusive no Brasil, o movimento ampliou-se também às questões do bem-estar do indivíduo PD, com o boom de "escolas especiais, centros de habilitação, centros de reabilitação, oficinas protegidas de trabalho, clubes sociais especiais, associações desportivas especiais" (SASSAKI, 1997, p.31). 5 - mainstreaming (década de 1980): marcando um período de desinstitucionalização, passou a ser desenvolvido o relacionamento da PD de maneira mais participativa dentro do organismo social. O indivíduo PD era inserido no âmbito social comum, sem que houvesse modificação deste ambiente em promover uma ação inclusiva. De acordo com João Baptista Cintra Ribas* , a etapa atual da inclusão teve grande contribuição com a Declaração dos Direitos das Pessoas Deficientes (ONU, 1975), e da Convenção 159 sobre Reabilitação Profissional e Emprego de Pessoas Deficientes (OIT, 1983). Incutindo as instituições sociais, organizações de vanguarda de PDs e grupos acadêmicos, acrescendo também a participação o número de organizações, todas estas passaram a ser estimuladas a participar do processo em questionar a eqüidade social, promovendo melhorias nas condições humanas e na igualdade de direitos. O que se tem em ampliação é o fortalecimento da consciência de TODOS os indivíduos e organizações em promover essa inclusão. A disseminação da informação é uma ferramenta pró-inclusão. [Sim, informações existem]. O fator de competências, em desempenhar as tarefas no trabalho, acompanham uma nova visão sobre o que é - sobre o que significa, qual a importância - a deficiência. Comprovado que a PD tem o seu próprio modo de agir, não é a deficiência, então, a âncora para a compreensão da totalidade do indivíduo PD. Desta forma, a Comunicação remete recreação, informação, integração e principalmente educação. E na busca da igualdade do direito de todos e eqüidade dos valores humanos, a Comunicação deve estimular o acesso popular à educação, saúde, cultura, ao trabalho, transporte, esporte e lazer. * João Baptista Cintra Ribas é sociólogo, doutor em Antropologia pela USP, especialista em inclusão de portadores de deficiência pela Universidade de Salamanca (Espanha) e consultor de empresas privadas e de Ministérios do Governo Federal. Coordenador do Programa de Empregabilidade de Pessoas com Deficiência da Serasa S/A. SASSAKI, Romeu Kazumi. Inclusão: construindo uma sociedade para todos. 5 ed. Rio de Janeiro: WVA, 1997. 176 p. Nota do Editor: Diogo Balthazar da Nóbrega é especialista em Comunicação.
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