Que sentimento prevalece em vocês ao fazer trotes violentos? Que prazer sentem ao humilhar outros estudantes? Eu não consigo entender. É uma revolta ler nos principais meios de comunicação a notícia de um trote violento que aconteceu na Faculdade de Agronomia e Engenharia Florestal de Garça, interior de São Paulo. O estudante de Agronomia foi obrigado a andar descalço no asfalto quente e teve as plantas dos pés queimadas. Qual é o prazer nisso? Divertir-se com o sofrimento dos outros? Todos os anos a mídia noticia casos de trotes violentos, porém muitos não ganham repercussão porque não causam danos físicos. Entretanto, temos que lembrar que causam danos morais sim. Será que há um sentimento de poder nisso? É sabido que o número de trotes violentos vem caindo a cada ano de maneira considerável, porém gostaria que chegasse o dia em que nenhum caso de violência e humilhação ocorresse. Não defendo o fim do rito, que é importante sim, mas uma mudança de atitude. Sou a favor que os universitários sintam prazer ao realizar atividades na volta às aulas, mas não em detrimento de um grupo de estudantes. O prazer deve vir do ajudar alguém, do defender uma causa ou de ver calouros realizando uma atividade que promova a integração e um bem a um determinado público. Há muitos exemplos de veteranos de todo o Brasil que estão dando um show de cidadania. Eles realizam trotes que estimulam o voluntariado e promovem uma sensibilização social. São diversos tipos de ações: arrecadação de alimentos, coleta de sangue, mutirão em escolas. E melhor ainda, são atividades que não acabam no trote, elas estendem-se durante todo o ano e viram projetos que beneficiam a comunidade ao entorno da universidade. Veteranos: contagiem-se com essa onda de trote solidário. No lugar da violência, consciência. No lugar da humilhação, mobilização. Nota do Editor: Maria Eugenia Sosa, coordenadora do projeto Trote da Cidadania, que estimula a substituição dos trotes violentos e humilhantes por ações sociais.
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