Dupla bicampeã olímpica acabou atrás apenas dos franceses Rohart e Rambeau.
| Hector Echebaster | | | | Torben Grael e Marcelo Ferreira. |
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Torben Grael e Marcelo Ferreira conquistaram nesta sexta-feira (18), em Buenos Aires, o vice-campeonato mundial da classe Star. Bicampeões olímpicos, os brasileiros terminaram a competição, que reuniu os melhores velejadores do planeta na categoria, com 15 pontos perdidos, atrás dos franceses Xavier Rohart e Pascal Rambeau, campeões mundiais de 2003, com 10. "Por todas as condições que cercaram a nossa participação no Mundial, esse segundo lugar é muito bom. Mas falar em um resultado esperado é relativo. Entramos para ganhar, mas tivemos muito pouco tempo de treinamento. Sabíamos que seria muito difícil. Mas hoje, entramos para ser campeões. Infelizmente, os franceses fizeram uma regata muito boa e conseguiram segurar a liderança", analisou Torben Grael. "É mais um segundo lugar, mas não estou frustrado. O campeonato foi de alto nível, mesmo tendo poucos barcos. Apenas metade da flotilha de Star veio à Argentina. Alguns nomes, como o Ross MacDonald, que é vice-campeão olímpico, estavam faltando, mas mesmo assim a competição foi muito grande", completou Marcelo Ferreira. Na última regata, Torben e Marcelo, velejadores do Brasil 1, barco que vai enfrentar o desafio de disputar a Volvo Ocean Race, a tradicional regata de volta ao mundo, ficaram em terceiro lugar. Para vencer, a dupla verde-amarela precisava de um primeiro lugar e ainda torcer para que os franceses ficassem abaixo do quinto lugar. Os campeões Rohart e Rambeau, porém, terminaram em segundo. Os vencedores do dia foram os ingleses Iain Percy e Steve Mitchell, que ficaram em terceiro lugar no geral, com 17 pontos perdidos. "Esse mundial foi muito divertido, principalmente por causa do número de barcos. Mesmo sem alguns nomes que estão entre os melhores da classe, foi muito competitivo. E a flotilha (conjunto de barcos) estava em um tamanho bom, legal de velejar. Às vezes, 100 barcos, como é comum nos Mundiais, é muito", disse Torben. Mesmo sem o título, o resultado de Torben e Marcelo é muito bom. Afinal, os dois não velejavam na Star desde setembro, quando foram campeões brasileiros em Brasília. Desde então, venderam o barco "Vida Bandida", o mesmo do ouro nas Olimpíadas de Atlanta-1996, e ficaram sem embarcação para treinar ou competir. O Star usado nos Jogos de Atenas demorou para chegar ao país. Desembarcou apenas em janeiro e ainda ficou preso na alfândega brasileira por cerca de um mês. A dupla só conseguiu a liberação às vésperas do Mundial e Marcelo rebocou o barco desde o Rio de Janeiro, uma semana antes da competição. Enquanto Marcelo ia de carro até Buenos Aires, Torben estava na Nova Zelândia, acompanhando testes em túnel de vento das velas do Brasil 1. Em Buenos Aires, mesmo com pouco tempo de treino, venceram duas das seis regatas (a primeira e a quarta) e ficaram entre os dez primeiros em todas, terminando com 15 pontos perdidos. Os franceses foram mais regulares e só não ficaram entre os cinco primeiros uma vez, na primeira regata da competição. "Perdemos lugares preciosos, principalmente na segunda e na terceira regatas (com 6º e 8º lugares). E os franceses tiveram uma semana muito boa. Hoje (sexta-feira), quando poderíamos ter feito alguma coisa, eles ficaram na nossa frente", disse Marcelo. Foi o quinto vice-campeonato mundial de Torben Grael e Marcelo Ferreira. Eles já tinham ficado em segundo lugar em 1991, 1995, 1998 e 2002. O único título da dupla foi em 1990. Em 1997, Marcelo conquistou o título com outro parceiro, o alemão Alexander Hagen. O segundo melhor brasileiro foi o heptacampeão mundial da classe Laser, Robert Scheidt. Velejando ao lado de Bruno Prada, ele foi o sexto colocado no mundial, com 31 pontos perdidos. Lars Grael, irmão de Torben, velejou ao lado de Marco Lagoa e foi o 20°, com 92. "O nível dos brasileiros está melhorando muito. A nossa competição interna está alta. É muito bom ver o Peter Ficker voltando a competir, o Lars velejando em um nível alto e o Robert começando na Star", comentou Marcelo. O japonês Tomoya Ota, radicado em Florianópolis, competiu com seu pai, Takashi Ota, e terminou em penúltimo lugar, com 245 pontos. Brasil 1 Depois do Mundial, os dois não devem voltar a competir no exterior. No calendário está a Pré-Olímpica do Rio de Janeiro, entre 2 e 6 de março, mais algumas provas no Brasil. "Depois disso, vai ser difícil arrumar tempo, com todos os preparativos para o Brasil 1", avisou Torben, lembrando da primeira equipe brasileira a competir na Volvo Ocean Race, da qual ele e Marcelo fazem parte. Marcelo, que será proeiro do barco, por exemplo, terá de se concentrar em seu preparo físico. "Agora, é puxar muito ferro. Eu preciso ganhar músculo principalmente nas costas. Tenho uma hérnia de disco que não pode doer no meio da competição", disse o velejador. Outros dois tripulantes da equipe competiram em Buenos Aires: Roberto "Chuny" Bermudez, que velejou com Manrique Domingo, e Guillermo Altadill, com David Veras. Os dois ocuparam posições intermediárias. Chuny foi 17º no geral e Altadill, o 22º colocado, respectivamente. A dupla brasileira está garantida no Match Race Brasil, circuito de competições barco contra barco, com três etapas. Torben é atual bicampeão do circuito. O barco do Brasil 1, projeto patrocinado por VIVO, Motorola, QUALCOMM e Apex, está sendo construído na cidade de Indaiatuba. O término da construção está previsto para o final de maio e a entrada na água deve acontecer em junho. O time é formado por seis estrangeiros e cinco brasileiros: Torben Grael, Marcelo Ferreira, Kiko Pellicano, André Fonseca e Joca Signorini (Brasil), Adrienne Cahalan e Justin Clougher (Austrália), Guillermo Altadill e Roberto "Chuny" Bermudez (Espanha), Stuart Wilson (Nova Zelândia) e Knut Frostad (Noruega). Resultado da última regata 01º) Iain Percy e Steve Mitchell (ING) 02º) Xavier Rohart e Pascal Rambeau (FRA) 03º) Torben Grael e Marcelo Ferreira (BRA) 04º) Fredrik Loof e Anders Ekstrom (SUE) 05º) Mark Reynolds e Phil Trinter (EUA) 06º) Roy Heiner e Alex Breuseker (HOL) 07º) Robert Scheidt e Bruno Prada (BRA) - 24 08º) George Szabo e Brian Fatih (EUA) 09º) Julio Labandeira e Valentín Thompson (ARG) 10º) Philippe Presti e Jean-Phillipe Saliou (FRA) 20º) Marcelo Fuchs e Fábio Kraiczyk (BRA) 24º) Lars Grael e Marco Lagoa (BRA) 28º) Peter Ficker e Marcelo Jordão (BRA) 30º) Alessandro Pascolato e Ronald Seifert (BRA) 34º) André Mirsky e Marco Aurélio Sá Ribeiro (BRA) Classificação final (com um descarte) 01º) Xavier Rohart e Pascal Rambeau (FRA) - 10 pontos perdidos 02º) Torben Grael e Marcelo Ferreira (BRA) - 15 03º) Iain Percy e Steve Mitchell (ING) - 19 04º) Fredrik Loof e Anders Ekstrom (SUE) - 22 05º) Philippe Presti e Jean-Phillipe Saliou (FRA) - 27 06º) Robert Scheidt e Bruno Prada (BRA) - 31 07º) Roy Heiner e Alex Breuseker (HOL) - 34 08º) Afonso Domingos e Bernardo Santos (POR) - 37 09º) Mark Reynolds e Phil Trinter (EUA) - 42 10º) Iain Murray e Andrew Palfrey (AUS) - 45 20º) Lars Grael e Marco Lagoa (BRA) - 92 23º) Peter Ficker e Marcelo Jordão (BRA) - 101 28º) Alessandro Pascolato e Ronald Seifert (BRA) - 132 29º) Marcelo Fuchs e Fabio Kraiczyk (BRA) - 135 34º) Andre Mirsky e Marco Aurelio Sá Ribeiro (BRA) - 162
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