Depois das dez medalhas nos Jogos Pan-Americanos de Santo Domingo, o judô brasileiro confirmou sua força no continente com os 11 pódios conquistados (6 ouros, 4 pratas, 1 bronze) no Campeonato Pan-Americano de ilha de Margarida, Venezuela. O resultado deu ao país o título de campeão geral do torneio, à frente de Cuba e Venezuela. Além disso, o Brasil confirmou a participação em mais duas categorias nos Jogos Olímpicos de Atenas: ligeiro masculino (Alexandre Lee) e ligeiro feminino (Daniela Polzin). Carlos Honorato, ouro no peso médio e no absoluto, ficou ainda com o Troféu Ippon e foi escolhido o melhor judoca da competição.

Nas finais encerradas na noite de quarta-feira, 21/4, Leandro Cunha e Danielle Zangrando comemoram o primeiro título pan-americano de suas carreiras com belas vitórias respectivamente sobre os atletas de Cuba Yordanis Arencibia (waza-ari), bronze no campeonato mundial, e Yurisleidis Lupetey (ippon), também bronze no mundial e favorita ao ouro em Atenas.

"Meu duelo particular com a cubana estava empatado em 1 a 1. Agora estou na frente. E espero manter a vantagem na Grécia", disse Danielle, que dedicou o ouro à amiga Priscila Marques, que perdeu a vaga olímpica. "Prometi à Priscila uma medalha em Atenas e vou fazer de tudo para cumprir. Promessa é dívida", acrescentou a judoca, que perdia por um waza-ari mas virou o placar e garantiu a vitória na final com um ippon de ouchi-gari.

"Essa medalha me dá motivação para continuar lutando. Perdi a seletiva olímpica há pouco tempo e ainda estou triste. Mas o ouro mostra que sou capaz também", afirmou Leandro, que bateu o forte cubano a 17 segundos do fim do combate com um waza-ari. "Foi meu primeiro pan-americano e minha primeira medalha", frisou.

Carlos Honorato, que já havia "assombrado" a torcida venezuelana com incríveis ippons que o levaram ao título no peso médio, batendo dois de seus possíveis adversários olímpicos (Cuba e Estados Unidos), voltou a subir no lugar mais alto do pódium. Com as conquista, o brasileiro recebeu o Troféu Ippon e foi escolhido também o melhor judoca do campeonato.

"Mais uma vez pude avaliar o trabalho que vem sendo feito. Mesmo com as vitórias, pude identificar alguns erros que serão corrigidos até Atenas. Preciso melhorar o preparo físico, a concentração e alguma tática de luta", comentou Honorato.

Na abertura do campeonato, Flávio Canto, Carlos Honorato e Edinanci Silva ficaram com o ouro; Erica Moraes e Mário Sabino com a prata, e Priscila Marques com o bronze.

OLIMPÍADAS 2004: Os ligeiros Daniela Polzin e Alexandre Lee conquistaram suas vagas para os Jogos de Atenas. Polzin ficou em segundo lugar no Pan-Americano e, com isso, terminou em terceiro lugar no ranking da União Pan-Americana de Judô (UPJ) com 47 pontos, atrás de Canadá, 53, e Colômbia, 54. Cuba, com 57 pontos, já estava classificada por conta do resultado no Campeonato Mundial. Já Alexandre Lee viveu momentos de tensão antes de, enfim, comemorar sua classificação para as Olimpíadas. Lee foi desclassificado na semifinal após aplicar ippon no canadense Gonzalo Ibañez, pois os árbitros consideraram o golpe perigoso para a integridade física do brasileiro. Ainda assim, com a pontuação pelo quinto lugar assegurada, Lee fechou o ranking da UPJ em quarto lugar ao lado de Cuba, com 37 pontos. Os outros classificados foram República Dominicana, Venezuela, Argentina e México.

"Na hora pensei: ’acabou’. A vaga é minha, mas não queria ter perdido assim. Fica uma lição disso tudo. Nunca mais vou usar essa técnica", comentou Lee, aliviado e feliz com sua estréia em Jogos Olímpicos.

Daniela Polzin também debutará em Olimpíadas. "É o prêmio por um trabalho de oito anos. Classifiquei o ligeiro para Sydney, mas não pude sequer disputar a seletiva no Brasil, pois sofri uma hérnia uma semana antes da luta. Agora chegou a minha vez", vibrou a carioca Daniela Polzin, de 22 anos.

A meio-leve Fabiane Hukuda, que precisava ser campeã e ainda esperar por uma combinação de resultados, caiu em chave difícil e acabou derrotada na segunda luta por ippon pela campeã mundial e medalhista olímpica Amarylis Savon, de Cuba, depois de passar pela canadense Luce Bailargeon, também por ippon. E foi Luce quem trouxe para Fabiane uma notícia que pode mudar o rumo da classificação do meio-leve em Atenas. De acordo com a própria judoca e seu treinador, o Canadá, terceiro no ranking pan-americano e com vaga garantida em Atenas, não deverá enviar representante do meio-leve feminino aos Jogos Olímpicos, uma vez que a categoria não alcançou o nível técnico estipulado pelo Comitê Olímpico Nacional. Se isto se confirmar, o Brasil herdará a vaga do Canadá. Fabiane Hukuda terminou o Pan em quinto lugar e fechou o ranking da UPJ na quarta colocação com 37 pontos, atrás de Estados Unidos (56), Venezuela (45) e Canadá (42). Cuba já estava classificada pelo Mundial.

"Tenho muita esperança de que a justiça vai ser feita", afirmou Hukuda, campeã mundial júnior e bronze nos Jogos Pan-Americanos de 2003.