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Esportes e Lazer
30/12/2004 - 15h19
Pauê disputa a São Silvestre
Christian Moreno e Fábio Maradei
 
Um incentivo a prática de atividades físicas entre os deficientes
 
Ivan Storti 
  O santista Paulo Eduardo Chiefi Aagaard, o Pauê.

A tradicional corrida de São Silvestre terá este ano, em sua 80ª edição, um estreante que não pensa em resultados. A intenção do santista Paulo Eduardo Chiefi Aagaard, o Pauê (Unimonte / Instituto Paradigma) é bem diferente e diz respeito ao esporte adaptado. "Estarei lá representando a categoria", afirma o atleta, que tem o triathlon como sua especialidade.

O objetivo na prova do dia 31 é chamar a atenção em diversas frentes. "Quero estimular a prática de atividades físicas para deficientes, motivar o aparecimento de novos atletas, mostrar nossa realidade e despertar a atenção das autoridades", enfatiza Pauê, que está com 22 anos de idade e há quatro perdeu as duas pernas (abaixo dos joelhos), após ser atropelado por um trem em São Vicente.

Superou todas as adversidades decorrentes do acidente e, além de continuar a surfar (sua paixão desde a infância), transformou-se num triatleta. E vieram as conquistas, como o título mundial na categoria amputados bilateral (abaixo dos joelhos), conquistado no México, e o 3º lugar no Pan-Americano, no Rio de Janeiro, numa disputa reunindo atletas adaptados. Paralelamente às competições, ele passou a desenvolver um trabalho social junto à ONG Instituto Paradigma, sediada em São Paulo, voltado ao esporte adaptado e às necessidades dos portadores de deficiência.

"Essa participação na São Silvestre, para mim, representará um marco para um ano que foi muito bom", comenta o atleta, que será uma espécie de porta-voz de milhões de pessoas que enfrentam dificuldades no país em razão de algum problema físico."Como eu disse, a intenção é chamar a atenção das autoridades, além de incentivar o trabalho de base e mostrar que existe um mercado possível e que dá retorno".

Pauê cita números, destacando que 1/6 da população brasileira tem algum tipo de deficiência, sendo que 70% dessas pessoas vivem reclusas. Na São Silvestre, Pauê terá a companhia do triatleta e técnico José Renato Borges, o Mosquito. "Ele é uma pessoa que está ao meu lado desde o começo e não poderia ficar de fora desse momento. Estaremos correndo juntos, em mais uma mostra de igualdade, de que a inclusão social é perfeitamente possível", explica. E a dupla terá mais uma companhia: uma equipe do programa Esporte Espetacular, da Rede Globo, que seguirá os passos dos dois atletas.

PROFISSIONALISMO - Pauê já viu de perto as condições que são oferecidas aos deficientes físicos em nações de Primeiro Mundo. "Estive na Califórnia e lá existem atletas paraolímpicos amadores e profissionais. Há essa divisão, tamanho é o desenvolvimento do esporte", conta ele, referindo-se a uma viagem que fez aos Estados Unidos.

Tal realidade ainda está longe de ser alcançada em países como o Brasil. Mas é para isso que Pauê batalha. "O esporte pode colocar o deficiente com uma imagem digna perante a sociedade", diz ele, que pode se considerar um atleta privilegiado por contar com a estrutura oferecida pela Unimonte (que apóia vários atletas de esporte adaptado) e ainda conta com apoios da Rudy Project e pranchas New Advance.

Em termos de competição, Pauê terá um ano cheio em 2005. Pretende participar do Troféu Brasil, Pan-americano e Mundial de Triathlon. "Já terei disputas visando a Paraolimpíada de Pequim, em 2008", adianta o atleta. Uma novidade será a dedicação a algumas provas de ciclismo, motivação que veio após os Jogos Paraolímpicos Brasileiros e um incentivo do técnico da seleção brasileira, Rômulo Lazaretti, que o aconselhou a apostar na modalidade.

Para melhorar seu desempenho, Pauê está à procura de um patrocinador para uma nova bicicleta adaptada e próteses adequadas. Mas ele está acostumado a transpor dificuldades, e espera um 2005 ainda melhor que 2004. "Vou seguir em frente, conciliando o esporte com a causa social que defendo", ressalta o atleta, sempre exibindo um sorriso no rosto e um exemplo que da adversidade pode surgir um incentivo para ajudar muitos.

"O meu acidente não aconteceu por acaso. Fui atropelado por um trem, perdi as duas pernas e acabei caindo no esporte. No início não porque eu quis, mas por necessidade. Então sei que tenho uma missão no Mundo. Quero fazer algo que deixe a minha marca. Ainda não descobri o que. Só o tempo vai dizer", afirma Pauê, sem saber que só o seu exemplo de vontade de viver, vencer já é uma marca de um guerreiro.

"Espero servir de exemplo para todos que ficam desanimados com algum problema que enfrentam na vida. Eu não desisto nunca. Estou sempre pronto a superar desafios e sei que ainda tenho muito o que fazer", ressalta Pauê, que após o acidente, no dia 8 de junho de 2000, ficou internado por 56 dias, correu risco de vida e chegou a ter parada respiratória, em função do grave quadro clínico. Quem viu o seu estado talvez não acreditasse que em menos de um ano, ele estaria praticando esportes, competindo.

"Sempre pratiquei esporte, ainda mais depois do acidente. Foi fundamental para compreender todo esse período de aceitação. Me deu forças para alcançar meus objetivos na vida", explica Pauê, que pela vida esportiva ganhou mais autoconfiança. "Me senti mais capaz para fazer as coisas. Se não estivesse no esporte, não teria a cabeça que tenho hoje. Me conheço muito mais", relata.

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