Divulgação      Um visual bem diferente.

O assunto dele é velocidade. Descer ladeira abaixo em cima de um skate é a sua maior adrenalina e quanto mais alta e mais lisa for a pista, melhor. Agora imagina descer a Cordilheira dos Andes?

Foi exatamente isso que fez o downhiller Rodrigo "Malote" no começo deste mês. Embarcando no dia 02 de dezembro, ele partiu para o Peru e se aventurou em alguns trechos de asfalto da maior cadeia de montanhas das Américas, que alcança dimensões planetárias. Entre vulcões, lhamas e vicunhas, o atleta da Sollure se encantou com o lugar.

"A estrada a caminho de Colka, que vem antes de Cuzco e Machu Piccho, é alucinante. Parte da cordilheira é cheia de curvas, sempre contornando as montanhas e em alguns trechos temos a vista de vulcões ao fundo", descreve. Com pouco movimento na estrada, Malote aproveitou o máximo. "Eu tinha uma visão de uma grande parte do percurso. Assim eu dropava mais tranqüilo e também me jogava mais nas curvas, já que havia poucos carros. Quem sempre estava lá assistindo eram as lhamas e as vicunhas", brinca.

Além do visual, o tamanho do percurso e a velocidade foram dois fatores que surpreenderam o atleta, acostumado a descer ribanceiras ao redor do mundo. "Foram mais de 15 km de drop. Alguns momentos inclinados que chegava à 90 km/h e em outros trechos eram mais "easy". Eles eram tão longos que dava um pouco de câimbra nas pernas", conta o atleta que retornou ao Brasil no dia 09.

No entanto, o fascínio do lugar recompensou. "A adrenalina de dropar a Cordilheira dos Andes foi indescritível. Diferente das estradas cheias de verdes que estou acostumado a andar, tanto no Brasil como na Europa. Apesar do visual e do colorido tinha um precipício que não me permitia ignorar o risco de cair no chão e rolar barranco abaixo. Mas era um risco controlado".

Risco esse que Rodrigo conhece muito bem. Com várias escoriações pelo corpo, ele sentiu a dor no mês de julho deste ano, em plena Suíça. "Fui correr duas etapas do mundial, sendo uma na Suíça e outra na Alemanha. Entretanto, no último dia de treino na Suíça fui fechado no final da ladeira por um atleta que estava passando devagar e tomei um chão a 90 km/h. Resultado, fraturei o cóccix - aquele último ossinho da coluna", explica.

Mas as marcas e traumas não ficaram por ai. "Um mês e meio depois participei do campeonato brasileiro em Belo Horizonte. Depois de fazer uma das curvas caí e torci o joelho esquerdo. Desde setembro fiquei sem poder andar direito de skate e não treinei mais. Eu andei forte pela primeira vez nessa viajem ao Peru", comemora. Além do cóccix, Rodrigo também já fraturou o punho esquerdo.

De volta às pistas, ele traça os seus planos. "Agora que estou curado da minha contusão pretendo treinar um pouco mais para correr o mundial de 2005 e fazer umas imagens que ninguém nunca fez. Estou planejando descer a Av. 23 de maio e também umas paradas mais absurdas em termos de velocidade. De repente, quem sabe, botar pra baixo na Anchieta", comenta Rodrigo, que freqüentemente sai do carro e pega o carrinho para descer a Imigrantes, em São Paulo.

Rodrigo "Malote" tem o patrocínio da Sollure, Downhill Machine, Hulk, Pro Rider e Red Beach.