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O Instituto Viva Melhor (IVM), braço social do Hospital Bandeirantes, já ensinou a mais de 800 crianças que vivem no distrito da Liberdade (que compreende os bairros da Liberdade, Aclimação e Cambuci) como evitar e agir em caso de acidentes domésticos - uma das maiores causas de morbimortalidade. "A grande maioria das crianças dessa região mora em cortiços, em situação de risco. Seus pais vivem na informalidade, trabalhando como catadores de lixo reciclável ou serviços de limpeza. É muito comum encontrarmos uma criança de oito anos tomando conta de mais dois ou três irmãos menores", diz Cecília Medeiros, presidente do IVM, criado há três anos. Com o objetivo de diminuir os índices de acidentes domésticos, o IVM lançou o programa Socorrista Mirim. "Trabalhamos uma área de 3.700 km², ministrando cursos de suporte básico de vida e primeiros-socorros a crianças entre sete e 14 anos", diz Cecília. Os monitores do IVM dão aulas nos núcleos de educação complementar mantidos pelas Obras Assistenciais Nossa Senhora da Achiropita, Nossa Senhora do Carmo e Fundação Orsa. "Meninos e meninas aprendem a agir em situações como engasgo, sangramento de nariz, traumas, convulsões, ferimentos, choques e queimaduras, por exemplo", diz a presidente, chamando a atenção para um caso recente de um "socorrista" que salvou seu irmão de uma parada respiratória em virtude de engasgo. "Durante um passeio com a turma toda, um aluno de 11 anos ficou sufocado por um pedaço de pão de fôrma que entalou em sua garganta. Conclusão: quando seu irmão de 14 anos, Bruno, que participa dos cursos há três anos, percebeu sua agonia, logo interveio com manobras de suporte básico de vida, restabelecendo seu bem-estar". Manobra do desengasgo "Quando outra criança, ou mesmo uma pessoa mais velha, está engasgada com um pedaço de alimento, nunca se deve bater em suas costas ou levantar seus braços, sob risco de o alimento ser empurrado mais ainda para as vias respiratórias. Deve-se proceder à "manobra de desengasgo". Abraçando a pessoa pelas costas, apoiando bem uma perna entre as pernas da vítima, para dar maior sustentação, primeiro colocamos a mão esquerda fechada, com o polegar voltado para dentro, acima da linha do umbigo. Depois, colocamos a outra mão em cima, pressionando com força para dentro, até sair o alimento e a respiração da pessoa voltar ao normal. É o que chamamos de "abraço amigo", ensina Waltecir Lopes, fisiologista do Hospital Bandeirantes e instrutor do programa Socorrista Mirim.
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