Prova terá a participação do canoista olímpico Sebastian Cuattrin.
Tendo como principal atração o canoista Sebastian Cuattrin, que defendeu o Brasil nas quatro últimas olimpíadas, o Circuito Brasileiro de Canoas Havaianas terá a 3ª e decisiva etapa nos dias 11 e 12, em Santos (SP). A competição volta a ser disputada na Ponta da Praia, sede do 1º evento da modalidade no País, em 2001. A expectativa é que mais de 200 atletas participem, divididos nas categorias elite OC6 masculino e mista e OC1 masculino e feminino e amadores OC6 masculino. Vindo de três semifinais nos Jogos Olímpicos de Atenas, no K2-500 e K1-500 e K1-1000, Sebastian Cuattrin é um dos atletas que aderiram à canoa havaiana. Logo em sua primeira participação oficial na OC1, foi o vencedor, durante a 2ª etapa do Brasileiro, realizada, em Bertioga. E pode aumentar o seu recorde de títulos nacionais. "Pelos meus cálculos tenho 93 conquistas", afirma o super campeão, que também vai competir na categoria OC6, na equipe Opium Master, ao lado do maior incentivador do esporte, o santista Fábio Paiva, que o iniciou na canoagem há 16 anos. "Ele é um monstro remando e muito importante que tenha aderido e gostado da canoa havaiana", afirma Paiva, que foi 15 vezes campeão brasileiro de canoagem. FAVORITOS - Além de Sebastian, a etapa terá como destaques o bertioguense Marcel Correa, vice-campeão em Bertioga, chegando a poucos metros do melhor canoísta brasileiro na atualidade, o catarinense Magno Matozo, 2º colocado na etapa inicial, em Florianópolis e 3º na outra disputa e o francês radicado no Rio de Janeiro, Nicolas Bourlon, o melhor na disputa de abertura e com a experiência de já ter competido no Havaí. Na individual feminina, o favoritismo é todo Luana Mandriaza Munhoz, que é de Mogi das Cruzes e compete por Bertioga, confirmando a força da Cidade na canoa havaiana. Bertioga está na modalidade desde o início e a equipe principal na OC6 sempre está entre as principais. Este ano, a equipe Brucutus, comandada por Everdan Riesco, foi a 3ª colocada na 1ª competição e venceu em casa, embolando o ranking. A liderança é da Opium Master, antiga equipe do Paulistano, bicampeã brasileira, que venceu em Floripa e foi vice na 2ª fase. A diferença no ranking é de apenas cinco pontos - 45 a 40 - e como para o ranking final será descartado o pior resultado, as duas equipes chegam em condições de igualdade. Já nas mistas, Bertioga continua mostrando que vem formando grandes remadores, com a liderança isolada da Brucutus Cão Selvagem, com duas vitórias (50 pontos). A equipe Moai, de Santos, está em 2º lugar, com 35 pontos, com o vice em Santa Catarina e o 3º lugar na etapa do litoral paulista. Ainda nessa equipe, merece atenção da equipe Quasarlontra, formada pelos atletas de corrida de aventura. O time foi campeão paulista e brasileiro na temporada passada e este ano não pode treinar muito nas canoas em função da preparação e, conseqüente vitória na Ecomotion Pro, a principal prova de aventura da América Latina. A 3ª e decisiva etapa do Brasileiro de Canoas Havaianas será realizada num percurso triangular em frente ao Aquário Municipal de Santos. Na OC6 serão 5 km e na OC1, 2,5 km. As inscrições já estão abertas e custam R$ 80,00 para uma categoria e R$ 95,00 para duas. Atletas na disputa amadora pagam R$ 50,00. Mais informações pelo telefone (0**13) 3261-2229. O evento começa sábado às 7h, com o briefing. As eliminatórias serão realizadas a partir das 8h. Para o domingo serão reservadas as fases finais e também a homenagem a ex-remadores de Santos. "Queremos valorizar, resgatar a história dos clubes da Ponta da Praia, originários do remo e que perderam suas características com o passar do tempo", afirma Fábio Paiva. O evento conta com o patrocínio da Opium Fiberglass, com o co-patrocínio da Clinica Veterinária Filetti. Apoio da Prefeitura Municipal de Santos, através da Semes, Associação Sabesp, Prorider e FMA Noticias. Realização da Associação Brasileira de Canoas Havaianas (Abracha), com organização da Canoa Brasil. HISTÓRIA - Utilizadas há 3 mil anos pelos povos polinésios, as "canoas havaianas" têm sua história ligada ao surf. Também conhecidas como Outriggers, elas foram usadas como meio de transporte na Polinésia, sendo responsáveis pela colonização das ilhas do Pacífico, principalmente o Havaí. Os barcos eram extremamente simples, funcionais e versáteis. Feitos com ferramentas rudimentares de pedras, ossos e corais, dois grandes pedaços de árvore eram unidos e ganhavam uma vela central, feitas de fibra de coco. Recebiam o nome de Hokule’a e, apesar da aparência frágil, eram muito mais velozes do que as grandes caravelas dos conquistadores europeus. Outros barcos menores, com apenas um casco (um tronco) eram utilizados em travessias menores e transporte local. Eram as famosas canoas, que até os dias de hoje são utilizadas nos mares da Polinésia, no Havaí e têm estreita relação com a cultura do surf. Atualmente, são usadas em competições por todas as partes do Mundo e também para pegar ondas, sobretudo nas ilhas havaianas. O pai do surf moderno, Duke Kahanamoku, era um exímio remador e aproveitava as épocas de pouca ou nenhuma onda no Havaí para remar. No Brasil, essas canoas começam a fazer sucesso. Hoje, só o material de fabricação e, claro, as técnicas, mudaram. A fibra de vidro substituiu a madeira, em função à proteção ao meio ambiente, ganhando cores variadas. Longas, elas medem 14 metros, tem apenas 50 cm de largura e um estabilizador lateral (chamado de ama), fixado por dois suportes (os yakos). Nesse esporte, o fundamental é o sincronismo, as remadas compassadas, para que a canoa tenha um bom desempenho. A embarcação conta com seis remadores e cada um tem uma função específica. O nº 1 ou voga (quem fica na frente), por exemplo, dá o ritmo do barco. Já o nº 6, ou leme (que fica na outra extremidade), é o responsável pela direção do barco. Durante as remadas, um grito sempre é ouvido por todos: o Hip Ho. Este é um comando para que os remadores troquem a remada de lado. A cada 20 ou 25 remadas, um dos integrantes do time grita "Hip" e na seqüência os outros componentes completam com o "Ho", passando os remos para o outro lado do barco, para que não haja um desgaste muito grande. Apesar do pouco tempo no País, ganham cada vez mais a adesão de atletas. PARA PEGAR ONDAS - As canoas havaianas chegaram ao Brasil em setembro de 2000. Na época, o canoísta santista Fábio Paiva não imaginava que o crescimento da modalidade seria tão rápido. Junto com o carioca Ronald Willians, que já havia competido nas canoas no exterior, e o paulistano Fred Perez, ele trouxe o primeiro exemplar diretamente do Havaí e dele tirou o molde para iniciar a construção em série. "A primeira canoa veio totalmente desmontada, avariada. Tivemos de montá-la, conhecer todos os detalhes, para depois tirar a forma e podermos produzir. As canoas são sagradas para os havaianos e tivemos de seguir os padrões idênticos", disse Paiva, ressaltando que para os surfistas a remada é um excelente exercício em épocas de mar flat. "Em breve também teremos as canoas com quatro integrantes, próprias para pegarmos ondas. Daí, a emoção vai aumentar muito", comenta. Hoje, com mais de 50 canoas em atividade ele comemora o sucesso e sabe que está apenas no começo de um crescimento irreversível. "Eu imaginava que a aceitação poderia não ser geral, mas a canoa foi simpática para todos", comemora o canoísta. "Acredito que é a tradição, a energia que ela carrega por ser utilizada a milhares de anos, o lado sagrado. Por ser do Havaí, é exótica e todos querem conhecer. E quando remam, não tem como não gostar", acrescenta Paiva, que vislumbra um futuro promissor. "A idéia é competir em travessias longas, ir mar adentro, remando por vários dias. Queremos trabalhar os atletas", comenta Paiva.
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