Toda maneira de amor vale a pena?
Toda criança tem o direito de ter uma família que a ame, de ter um lar. No Brasil, centenas delas aguardam ansiosas, em orfanatos, por este dia. Do outro lado, uma cena cada vez mais comum: casais homossexuais pleiteiam o direito de adotar um filho. A questão é delicada e gera polêmica. Se para uns toda forma de amor vale a pena, para outros esta situação é vista com preconceito. Parte da população acredita que o convívio com homossexuais poderia prejudicar a formação da personalidade e do caráter de uma criança. Entre os profissionais que tratam deste tema, também não há um consenso. Juristas, psicólogos e psicanalistas interpretam a situação de forma diversa. A psicóloga Maria Grupi, que desde 1981 orienta pais sobre como lidar com seus filhos, acredita que as pessoas devem aceitar, sem preconceitos, as mudanças dos novos tempos, principalmente nas questões que envolvem afeto. Para dar sustentação a essa nova configuração da dinâmica familiar, ela sugere uma adoção assistida por profissionais qualificados. "Sempre que há uma adoção, é importante haver um suporte de psicólogos, pedagogos e profissionais da área do ensino para orientar tanto aos adotados quanto aos pais adotantes. E quando a adoção tem como protagonista um casal homossexual, um grupo social que ainda hoje sofre discriminações, a atenção deve ser ainda maior", explica. A lei de adoção brasileira exige que os pais tenham vida regrada, condições econômicas satisfatórias e que estejam emocionalmente preparados para a solidária tarefa de assumir um filho pela adoção. Deve-se ter em mente que as relações humanas são permeadas por situações de conflito e, principalmente no caso da adoção, todos devem estar preparados para evitar erros que possam acarretar mágoas. Para Maria Grupi, o que realmente importa é que a pessoa seja idônea e que a criança esteja bem em sua companhia. "O resto é preconceito", conclui.
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