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Esportes e Lazer
17/11/2004 - 11h28
Brasil 1 entra em nova fase de construção
Bruno Doro e João Pedro Nunes
 
O barco que representará o Brasil na Volvo Ocean Race começa a ser laminado.
 
Luiz Doroneto / @dorofoto 
  Marco Landi e sua equipe no estaleiro de Indaiatuba.

Com os moldes do casco e convés prontos, o Brasil 1 entra agora na fase de laminação da fibra de carbono, que começará a dar forma ao veleiro de 70,5 pés (21,5 metros), que representará o Brasil pela primeira vez na Volvo Ocean Race. Para isso, dois fornos de 25 metros de comprimento estão em fase final de montagem no estaleiro ML Boatworks, em Indaiatuba, no interior de São Paulo. A construção foi iniciada em setembro e o Brasil 1 deverá ir para o mar em maio de 2005, seis meses antes da largada da regata, prevista para 5 de novembro, em Vigo, na Espanha. O comandante do veleiro será o bicampeão olímpico Torben Grael, um dos maiores nomes da vela mundial.

Os responsáveis pela participação do Brasil na regata, uma das mais importantes do mundo, fizeram na terça-feira uma visita ao estaleiro para acompanhar o estágio de construção do barco. Todos ficaram satisfeitos com o que viram. "O Marco Landi (dono do estaleiro) tem todas as condições de construir um barco de ponta. O maior objetivo é fazer uma embarcação o mais leve possível. Tudo o que ganharmos será adicionado no lastro, o que deixará o barco mais rápido", comentou Alan Adler, da Vela Brasil, empresa que tomou a iniciativa do projeto.

A preocupação com o peso, segundo Marco Landi, é extrema. Por isso, são utilizados materiais de ponta e muita tecnologia. "O que mais distingue esse projeto dos outros é a técnica. O projeto é o mais leve. Em algumas partes do barco, a tecnologia é a mesma utilizada na construção de aeronaves e ônibus espaciais", lembrou Marco Landi, que trabalhou três anos em estaleiros da Europa e participou da construção de dois barcos que disputaram a Regata Whitbread, o nome antigo da Volvo Ocean Race. "A fase atual é a do forno e laminação e, depois, a da colocação dos componentes."

O barco deverá estar pronto em maio, quando será levado ao mar. "A quilha, o leme e o mastro serão os últimos componentes a serem instalados. Até lá, porém, teremos muito trabalho."

O coordenador-técnico da construção, Horácio Carabelli, voltou no fim de semana de uma viagem à Nova Zelândia. Ele, Alan Adler e Torben Grael visitaram alguns fornecedores. "Fechamos exclusividade com um fornecedor local de vela. Temos de procurar parceiros, que ainda não entraram no mundo náutico", comentou. "A intenção, mais uma vez, foi buscar componentes cada vez mais leves para ganhar velocidade final."

Por regulamento, cada barco poderá usar no máximo 11 velas por perna da competição. No total, será permitido o uso de 24 velas, muitas específicas para cada tipo de condição climática a ser encontrada.

O projeto original do Brasil 1, feito pelo supercampeão Bruce Farr, sofreu pequenas alterações. "O projeto do Farr é básico e as diferenças são os toques pessoais que estamos dando", afirmou Alan Adler. "Eu e o Horácio podemos ainda fazer novas mudanças."

O Brasil 1 foi projetado como o mais moderno representante da F-1 dos mares. Ele será capaz de percorrer 926 km diários e atingir picos de velocidade de 70 km/h. A previsão é de que os barcos completem a regata 20 dias mais rápido do que o modelo VO 60, utilizado na última edição.

Patrocínios - Cerca de 80% da verba necessária está assegurada com a participação da VIVO como patrocinadora master, além da Motorola, QUALCOMM e do Governo Federal, em parte através da Apex (Agência de Promoção de Exportações do Brasil). "Estamos muito otimistas e em dois meses devemos ter novidades nessa área", comenta Enio Ribeiro. São parceiros importantes que entram com seus serviços: o Barbosa, Müssnich & Aragão Advogados na parte jurídica, a Trevisan na auditoria e a GAD no design promocional.

A Volvo Ocean Race é um dos maiores desafios do homem e da tecnologia, pois as tripulações e embarcações têm de combinar grande velocidade com excepcional resistência, enfrentando icebergs, tempestades e até a possibilidade de colisão com baleias. Quando isso acontece, o animal quase nada sofre, o mesmo não podendo ser dito do casco do barco. Tudo isso num ambiente de competição, onde qualquer perda de tempo pode levar a um prejuízo na classificação final.

A iniciativa tem forte apelo comercial. A vela do barco é um outdoor de enormes proporções que será visto por mais de 1 bilhão e meio de pessoas pelo mundo. A expectativa é de muitos negócios. A idéia é montar um "pavilhão Brasil" em cada uma das oito paradas da regata, com estandes dos patrocinadores, que vão expor e apresentar seus produtos nos cinco continentes. O Race Village, onde os estandes serão montados nas paradas, deve atrair cerca de 5 milhões de pessoas.

A competição terá largada no dia 5 de novembro de 2005, com uma regata "inport" na cidade de Sanxenxo, na região espanhola da Galícia. Será a primeira vez desde a primeira edição da regata de volta ao mundo que a corrida começa fora da Inglaterra. A competição em mar aberto começa no dia 12 de novembro, em Vigo. A expectativa é de que entre oito e dez barcos participem da competição, com término previsto para junho de 2006. Até agora, seis barcos estão confirmados, dois da Holanda, um da Espanha, um da Austrália, um da Suécia e um do Brasil.

A Volvo Ocean Race é uma regata de volta ao mundo disputada por veleiros em nove etapas. A rota conta com escalas na Cidade do Cabo, na África do Sul; Melbourne, na Austrália; Wellington, na Nova Zelândia; Rio de Janeiro ou Santos, no Brasil; Baltimore/Annapolis e Nova York, nos Estados Unidos; Portsmouth, na Grã-Bretanha; Gotemburgo, na Suécia, e um porto no Mar Báltico, que ainda não foi definido.

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