Um artigo publicado pelo New York Times traz à tona uma questão há muito discutida, mas que ainda causa grandes dúvidas a todos: até onde podemos aderir às novas tecnologias sem agredir outras pessoas, sem parecermos grossos e mal-educados? Pertinente, a matéria trata do uso de aparelhos celulares, como os smartphones, em ambientes profissionais e em momentos que até pouco tempo eram totalmente proibidos. Afinal, quem não se sente excluído, desprestigiado ou desvalorizado se no meio de uma conversa o interlocutor resolve checar seus e-mails e respondê-los, ainda que rapidamente? Os defensores da tecnologia dizem que é preciso haver uma adaptação de modos e costumes para que atitudes como esta não signifique uma falta de educação. Perder algum comunicado em tempo real só por elegância seria muito arriscado num mundo onde a movimentação é cada vez maior. Na outra extremidade temos severas punições a profissionais que insistem em utilizar a tecnologia em horas que deveria estar atento a outras formas de comunicação. Segundo pesquisas, um terço dos 5.300 profissionais americanos entrevistados disseram checar e-mails com freqüência durante reuniões e que já foram severamente criticados por esta atitude. Assim, está estabelecida a batalha. Quem vencerá? Poucas empresas procuram adotar políticas formais relativas ao uso de novas tecnologias e deixam os seus funcionários livres para tomarem decisões desta natureza. O problema é que o bom senso, normalmente, é artigo em falta e os excessos acabam ocorrendo de forma lamentável. É extremamente comum recebermos solicitações de treinamentos empresariais para uso de novas tecnologias. As empresas investem nos aparelhos, mas acabam percebendo que é preciso também ensinar seus funcionários a utilizá-los da melhor forma. A simples exibição de um aparelhinho destes frente a colegas ou concorrentes é, para muitos, razão suficiente para utilizá-lo em uma reunião, por exemplo. É como se cada um dissesse ao outro: “Veja! Sou um profissional plugado, moderno, cheio de afazeres importantes, não posso ficar um minuto off line!”. Quando, na verdade, muitas vezes a mensagem que estarão passando seria algo do tipo: “Veja! Não consigo me organizar o suficiente para ter umas horinhas de privacidade sem comprometer meus negócios” ou “Não tenho sequer uma boa secretária para anotar meus recados”. Frente a tudo isso, como consultora na área de etiqueta e marketing pessoal, penso que seria bastante interessante lembrarmos-nos de uma das primeiras publicações a respeito do assunto (etiqueta), foi feita em 1550 (Il Galateo). Sabiamente o autor percebeu o tom que devemos procurar seguir em todas as nossas atitudes, o verdadeiro segredo para sermos pessoas naturalmente elegantes e bem-educadas. Após compilar num relato todos os costumes da corte na época e analisá-los sob a luz da boa educação, ele os resume numa frase que até hoje é certa e verdadeira: “Tudo que é exagerado, incomoda”. Nota do Editor: Ligia Marques (www.ligiamarques.com.br) é formada em Ciências Sociais, com Especialização em Antropologia e Educação, pela Universidade de São Paulo (USP) e com essa bagagem trabalha como consultora de Etiqueta e Marketing Pessoal, onde em seus cursos e palestras, aborda a importância dos bons modos em várias situações do dia. Tem experiência em Etiqueta Empresarial onde visa levar para dentro de empresas e corporações aulas de boas maneiras e relacionamento entre pessoas.
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