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O protagonista da globalização.
Quando se fala em globalização, em tecnologia, em século 21, logo se pensa no papel que as máquinas têm no cotidiano das famílias modernas. Computadores, brinquedos eletrônicos e etc. Mas, no âmbito "educação" - quesito principal para o Brasil ser um País globalizado - não é nenhuma máquina que faz o milagre do cidadão bem formado. É o professor! E hoje, dia 15 de outubro, o país comemora o Dia do Professor e faz algumas referências aos protagonistas e formadores dos verdadeiros cidadãos do século 21. Dizer que o professor é mero condutor às ferramentas que trazem o conhecimento, é balela. Cada vez mais educadores e especialistas renomados da área, ressaltam que a qualidade de uma escola está totalmente vinculada a qualidade do seu corpo docente. Não basta uma instituição ser equipada com a tecnologia de primeiro mundo, se os professores não souberem utilizá-las com consistência e de maneira criativa e inteligente. "Independente de métodos, o professor é o bem mais valioso dentro de uma escola. Não tem classe social, não tem cor e nem preconceito que tire do professor a sua vocação e boa formação", diz a educadora e diretora do Instituto Singularidades, Gisela Wajskop. Esta instituição é uma Faculdade de Educação e Curso Normal Superior, onde todos os dias se reúne grande parte do corpo docente de várias escolas particulares renomadas de São Paulo (SP), das escolas públicas municipais e estaduais da zona oeste e de centros educacionais de periferia. E onde a criatividade dos alunos-professores é diariamente posta em prática através de aulas de teatro, dança, artes, música, movimento e expressão corporal, além de dicas e seminários culturais oferecidos pela instituição. O professor de Literatura, Flávio Cidade, do Colégio Ítaca, zona oeste da capital, conta como é importante a criatividade do docente estar afinada com os interesses dos seus alunos, para que a aula renda, o aluno aprenda, e a disciplina se instale por meio da cidadania e do respeito mútuo. Como falar para esses meninos que pode ser bem legal ler... Os professores necessitam de criatividade e às vezes até certo malabarismo para não perderem o fio da meada na formação dos jovens que começam a por o pé na adolescência, quando a discussão em pauta é a leitura de um bom livro. A partir dos onze anos de idade, os jovens aprendizes começam a passar por muitas transformações de corpo, de alma, de vida e, que não dá tempo de ficar parado lendo um livro. As informações são tantas, e tudo é tão rápido, que eles sentem que podem ficar para trás se não estiverem "ligados". Uma saída encontrada por Flávio Cidade, é linkar os assuntos de interesse da molecada à literatura e à possibilidade de enriquecer o conteúdo do livro com questões voltadas ao cotidiano e a formação desses jovens. Um exemplo dado por Flávio se refere ao último livro lido pela classe de 7ª série do Colégio. O título escolhido foi "Buracos". Um livro de Louis Sachar que conta a história de adolescentes infratores que vão parar num reformatório. Para complementar, Cidade apresentou reportagens divulgadas na mídia que falam sobre os meninos que fazem malabares nos faróis de São Paulo; os meninos que sofrem preconceitos por fazerem dança e não futebol; e matéria que conta sobre os preconceitos que as crianças dessa idade começam a sofrer na escola por motivos aleatórios. Se usa aparelho, óculos, se é gorda, se é negra, se vive caindo, se é amiga da professora, se é portadora de alguma deficiência etc. Tudo é motivo. Partindo de uma grande discussão em classe após a leitura do livro, Cidade instiga seus alunos a pesquisarem e concretizarem suas idéias a respeito do preconceito. "Dividimos as classes em grupos, que escolheram qual tipo de trabalho iriam realizar", explica o professor. Um dos grupos foi a campo. "Entrevistaram os meninos dos faróis e tiraram fotografias. Nessa entrevista, perguntaram tudo que tinham a curiosidade de saber. São pobres? Moram onde? Quanto ganham no dia? Tem pais? O que eles fazem? Sentem frio? Estudam?", conta o professor. Um outro grupo montou uma animação no computador, em formato de entrevista jornalística em estúdio. O tema escolhido pelo grupo foi baseado na história do menino que optou por fazer dança e, que em entrevista, discorre sobre todos os tipos de preconceito que sofre em sua vida. E dessa maneira, o professor Flávio Cidade continua sua luta na formação dos bons leitores. Pesquisas, leituras e a busca incessante de temas, reportagens e pautas que tragam esses adolescentes à reflexão e a uma contextualização cultural e de vida é o objetivo desse educador.
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