Luiz Doro / @dorofotos      O projeto do neozelandês Bruce Farr está ganhando forma.

O barco Brasil 1, que fará história ao participar da edição 2005/2006 da Volvo Ocean Race, a mais importante regata de vela de volta ao mundo, já começou a ser construído. O projeto do neozelandês Bruce Farr está saindo do papel e ganha forma no estaleiro ML Boats, na cidade de Indaiatuba, no interior de São Paulo. Com pouco mais de duas semanas de trabalho, os moldes em madeira do convés já estão bastante adiantados. A embarcação terá 70 pés ou pouco mais de 21 metros.

Com custos estimados em US$ 15,8 milhões ao longo de três anos, o projeto Brasil 1 é um dos empreendimentos mais ousados do país na área esportiva. Cerca de 80% da verba necessária já está assegurada com a participação da VIVO como patrocinadora master, além da Motorola, QUALCOMM e do Governo Federal, em parte através da Apex (Agência de Promoção de Exportações do Brasil).

Com moderna tecnologia, que inclui nesta primeira etapa o corte a laser das madeiras utilizadas na fôrma, a construção do barco deverá demorar cerca de nove meses, segundo o engenheiro Marco Landi, dono do estaleiro. "Esta primeira fase de elaboração dos moldes do convés e do casco deve tomar em torno de oito semanas", lembra o ex-velejador de oceano, que trabalhou três anos em estaleiros da Europa e participou da construção de dois barcos que disputaram a Regata Whitebread, o nome antigo da Volvo Ocean Race. "A fase seguinte é a do forno e, depois, a da colocação dos componentes."

O barco deverá estar pronto em maio, quando será levado ao mar. "A quilha, o leme e o mastro serão os últimos componentes a serem instalados. Até lá, porém, teremos muito trabalho."

O Brasil 1 foi projetado como o mais moderno representante da Fórmula 1 dos mares. Ele será capaz de percorrer 926 km diários e de atingir picos de velocidade de 70 km/h. A previsão é de que os barcos completem a regata 20 dias mais rápido do que o modelo VO 60, utilizado na última edição.

A Volvo Ocean Race é um dos maiores desafios do homem e da tecnologia, pois as tripulações e embarcações têm de combinar grande velocidade com excepcional resistência, enfrentando icebergs e tempestades. A competição começa no dia 5 de novembro de 2005, próxima à cidade de Vigo, na região oeste da Espanha.

Torben Grael, dono de seis títulos mundiais e de cinco medalhas olímpicas, será o comandante do Brasil 1. Com muita experiência em competições de Oceano, ele foi tático do sindicato italiano Prada na disputa da última Louis Vuitton Cup, no final de 2002 na Nova Zelândia como seletiva para a America’s Cup. Torben é o único brasileiro com participação na América’s Cup (2000), a competição de vela mais tradicional do mundo, com mais de 150 anos de história. O velejador brasileiro, de 44 anos, já trabalha na definição de sua tripulação, que terá a participação de brasileiros e estrangeiros.