A sensualidade pode ser o grande desencadeador de comportamentos e desejos reprimidos, e que ajudam as pessoas a se liberarem nessa época
Assim como as máscaras utilizadas pelos foliões nessa data, a grande maioria dos brasileiros aproveita a época para extravasar as emoções contidas durante o ano. É comum ver um número grande de pessoas alcoolizadas festejando, homens e mulheres "ficando" com diversas pessoas e agressões gratuitas entre os mais jovens. Para o psicólogo Alexandre Bez, especializado em ansiedade e síndrome do pânico pela Universidade da Califórnia - UCLA, e relacionamento pela Universidade de Miami, na Flórida, não é sinônimo de estresse, e sim de liberação. Faz parte da cultura do povo brasileiro e nessa época tudo é permitido. De acordo com o especialista, Carnaval é sinônimo de liberação para muitos. "As fantasias podem ser realizadas e admitidas pela sociedade. Os nossos pais curtiam o Carnaval de maneira lúdica. A grande sacada era vestir fantasias, pintar o rosto e dançar no salão. Hoje está mais erotizado", diz Bez. Por outro lado, para quem não curte a data, essa época pode ser um gerador de estresse, como para os casais. "Pode acontecer do namorado gostar de pular o Carnaval e a namorada não. Isso sim pode causar desentendimentos na relação" explica Bez. Quando há respeito e amor entre os dois, basta uma conversa para que prevaleça o entendimento. Alexandre explica que a maioria dos homens gosta de aproveitar a folia e se utiliza de um artifício muito comum, terminar o relacionamento nesta data e retomá-lo quando as comemorações se encerrarem. "Eles acreditam que dessa maneira conseguem provar sua virilidade e aproveitar melhor a vida. Infelizmente esse é o reflexo de um país machista", diz Bez. As mulheres abusam da sensualidade nesta época? Segundo o especialista, a linguagem vulgar expressa pelo corpo das mulheres é totalmente aceita, permitida e esperada por todos no Carnaval. Essa sensualidade pode ser o grande desencadeador de comportamentos e desejos reprimidos, e que ajudam as pessoas a se liberarem nessa época. "O gatilho emocional faz essas pessoas terem atitudes diferente das convencionais. É bom deixar claro que não há certo nem errado nesse comportamento, mas elas devem ser responsáveis pelas atitudes que realizam, como o sexo impensado." diz Bez. As conhecidas micaretas e os bailes funks favorecem o comportamento promíscuo durante o decorrer do ano. "Hoje em dia as mulheres estão mais seguras de si e querem aproveitar de maneira igual a dos homens. Não que não possam, mas a permissividade entre os dois lados dá espaço à vulgaridade e falta de comprometimento como as mulheres praticamente dançando nuas e insinuando sexo fácil", afirma. Já o grande problema para os jovens é que os limites não estão sendo obedecidos e quando o Carnaval se aproxima, o momento de extravasar já passou, então o limite aceitável foi ultrapassado. "Daí os bailes com misturas de danças e brigas, saqueamentos em lojas e arrastões", diz. As pessoas que ultrapassam os limites necessitam na verdade preencher um vazio interno muito grande que está ligado à concepção da formação da sua personalidade e caráter. "Muitos agem apenas pelo prazer de destruir a festa", explica Alexandre. Inclusive, são elas que podem apresentar inclinação para as drogas e bebidas, pois são mais frágeis e topam qualquer atitude para pertencer ao grupo. De acordo com o especialista, a grande importância do Carnaval, que está sendo esquecida, é o barato de conhecer novas pessoas, viajar, dançar, se divertir, sair da rotina e aliviar o estresse. Dicas para ter um carnaval saudável: - Usar preservativos em toda relação sexual; - Aumentar o ciclo de amizades; - Viajar para locais diferentes; - Ficar longe de drogas comuns durante o Carnaval, como bebidas e lança-perfume, pois elas fazem tão mal quanto qualquer outra; - Relacionar-se com pessoas por vontade própria e não por pressão de colegas; - Caso não goste da agitação da época, procurar ficar próximo da família e aproveitar para descansar.
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