Brasileiro vai a todas as competições acompanhado do mascote, que tem até credencial dos Jogos Paraolímpicos.
Em todas as competições do mundo, é possível identificar dois tipos de torcedores: o profissional e o apaixonado. Enquanto o primeiro é pago para ficar em frente às câmeras de tevê com logomarcas de empresas na camisa, no chamado marketing de guerrilha, o segundo vai ao estádio apenas com a intenção de torcer por seu país ou clube, e apoiar os atletas. É o caso de João Bentim, presidente do Clube dos Paraplégicos de São Paulo (CPSP), que está em Atenas a convite do Comitê Paraolímpico Brasileiro (CPB), para observar o vôlei sobre cadeira de rodas e tentar realizar alguns intercâmbios para seus atletas. Paraplégico desde 1986, após sofrer um acidente de carro, João acompanha todos os jogos possíveis nas Paraolimpíadas de Atenas, ao lado do mascote Snoopy Gato, um bicho de pelúcia comprado na Disneylândia, em 1980, e que o acompanha em todas as competições. Como na Grécia a segurança nos estádios é muito rigorosa, João resolveu usar a criatividade e fazer uma credencial para o mascote, nos moldes da credencial distribuída pelo Comitê Paraolímpico Internacional. "De tanto ser parado pela segurança e responder a perguntas dos mais variados temas, achei melhor improvisar e credenciar o Snoopy Gato também para os jogos. Ao menos os voluntários encararam com humor a minha idéia e agora sou apenas revistado, como a maioria das pessoas que vai aos jogos no Complexo Olímpico. O Snoopy Gato ficou famoso em Atenas. Se bobear, arruma até uma namorada", brincou João. Apaixonado por carros antigos, João é nadador em São Paulo, na classe S-4, a mesma do supercampeão Clodoaldo Silva, que conquistou três medalhas de ouro em Atenas, quebrando três recordes mundiais. Apesar de ter o índice brasileiro nos 50m e 100m livres, nos 100m costas e nos 50 metros peito, João não compete mais profissionalmente. Pela primeira vez numa Paraolimpíada, João Bentim está impressionado com a estrutura e a organização de Atenas. Mas o que mais chama a atenção desse simpático torcedor é o espírito paraolímpico dos atletas. "É claro que todos querem ganhar e subir no pódio. Mas no final, parece que o resultado fica como coadjuvante diante de tanta simpatia e solidariedade dos atletas. O espírito paraolímpico é algo fantástico", declarou Bentim. Nota do Editor: o repórter Felipe Kozlowski viajou para Atenas convidado pelas Loterias da Caixa, patrocinadora oficial do Comitê Paraolímpico Brasileiro.
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