Resultados de um trabalho que é referência no mundo começa a surtir efeito em Atenas.
A delegação brasileira que está na Grécia representando o país nos Jogos Paraolímpicos já conseguiu, em seis dias de competição, superar o número de ouros conquistados em Sydney e ter a sua maior participação da história. O investimento em um trabalho precursor de preparação e avaliações dos atletas ajuda o Brasil a se tornar uma potência paraolímpica mundial. Desde 1994 um grupo de profissionais de educação física, medicina, psicologia do esporte e nutrição analisam resultados e desenvolvem soluções para os problemas de cada atleta paraolímpico. A analise é feita em áreas como biomecânica (análise dos movimentos), fisiologia do exercício (avaliação das funções orgânicas durante os exercícios), psicologia do esporte (concentração e motivação do atleta), antropometria (medidas corporais), composição corporal (percentual de gordura e massa magra) e capacidades motoras (flexibilidade, força e agilidade). Ao final de todas as avaliações que, desde o ano de 1998 ocorrem com uma periodicidade maior, os especialistas entregam os resultados para os técnicos nacionais de cada modalidade e estes, por sua vez, os repassam para cada técnico regional, que acompanha diariamente os treinamentos dos atletas. Um trabalho de tirar o fôlego. Nos últimos dois anos mais de 250 atletas foram avaliados para que o Comitê chegasse ao grupo dos 98 integrantes que está em Atenas. Cada vez que um atleta participa do processo de avaliação ele passa por 22 testes de aptidão física e clínica e mais os exames de fezes, sangue e urina. Para se ter idéia, a Comissão de Avaliação, por meio do seu setor de biomecânica do esporte, criou um software para a avaliação do alto-rendimento esportivo dos atletas das modalidades natação e atletismo. O programa avalia sistematicamente a amplitude e a freqüência das braçadas e dos passos dos competidores durante as suas provas e treinamentos. Um exemplar de demonstração de eficácia do método de avaliação é a evolução do natalense Clodoaldo Silva, que já bateu três recordes mundiais nesta edição Paraolímpica. Em agosto de 2002 tinha como sua maior extensão de braçada 1m53 e hoje ela chega a 1m87. Ádria Santos, o fenômeno do esporte paraolímpico brasileiro, que participa da sua 5ª Paraolimpíada, mantém seus resultados e ainda têm planos de competir Pequim e, quem sabe os Jogos de 2012. A equipe do CPB além de ter um fator de renovação no quadro de atletas também se preocupa em manter o seu alto-rendimento. Resultados evidentes também quando se faz uma análise da colocação do País nas três modalidades que ele já medalhou atletas. Atualmente o Brasil é o 5º melhor do mundo no Judô; o 6º no atletismo e o 14º na natação. O Brasil também vai bem em modalidades como Futebol de 7 e Futebol de 5. Somente na equipe de judô paraolímpico o Brasil estreou cinco atletas. Nas modalidades natação e atletismo e futebol de 7 (paralisados cerebrais) 19 atletas que nunca participaram de Paraolimpíadas competem pela primeira vez. O trabalho desenvolvido pelo Comitê Paraolímpico Brasileiro - CPB já pode ser considerado referência no mundo. Prova disso, foi o acordo que a Comissão de Avaliação selou na manhã desta quinta-feira, 23, em Atenas, com o diretor científico do Comitê Paraolímpico Internacional - IPC. O Brasil irá cooperar com o desenvolvimento de trabalhos similares, mas desta vez, em todo o mundo. Livro: Na manhã de ontem o coordenador das Avaliações dos atletas do CPB lançou em edição bilíngüe o livro "Avaliação Clínica e da Aptidão Física dos Atletas Paraolímpicos Brasileiros: conceitos, métodos e resultados". O livro também conta com textos de 20 autores sobre cada área específica das avaliações e os resultados obtidos e termina com uma síntese geral do trabalho brasileiro em relação ao contexto internacional no setor.
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