Brasil ocupa a 10ª posição no quadro geral de medalhas e ultrapassa o número de ouros conquistado em Sydney. Com cinco dias de competição o Brasil já conquistou oito medalhas de ouro, quatro de prata e duas de bronze. O resultado coloca nosso País em 10º lugar no quadro geral de medalhas. O País está na frente de reconhecidas potências econômicas como Japão e Itália. Essa é a melhor participação brasileira na história em Jogos Paraolímpicos. Hoje, o destaque ficou com o velocista Antônio Delfino, que bateu o recorde nos 400m e, mais uma vez, com o nadador Clodoaldo Silva, que surpreendeu nos 50m borboleta, batendo o recorde e conquistando o seu terceiro ouro. Depois da prova, Delfino era só alegria por ter conquistado o tempo de 48s46, no Estádio Olímpico, o OAKA, e trazer ainda de quebra o recorde mundial e paraolímpico. O recorde mundial já pertencia a ele desde o Mundial de Lille, na França, em 2002, com o tempo de 49s04. O paraolímpico era do francês Patrice Georges, com 49s78, conquistado na Paraolimpíada de Barcelona. "Tudo isso é fruto de muito trabalho e esforço junto com meu técnico", afirma Delfino, referindo-se ao seu treinador de Brasília, Raimundo Tadeu Monteiro. O velocista, durante os primeiros 300m ficou disputando o segundo lugar com o chinês Faqi WU, nos últimos 100m da prova ele disparou e ultrapassou o chinês e o australiano Heath Francis. Estratégia que deu certo. "Todo mundo pensava, após a largada, que eu não iria ganhar", afirmou o brasileiro. "Eu já sabia que iria ser difícil ganhar do Antônio, principalmente porque ele foi ouro nos 200m", afirmou o australiano, que ficou com a prata. Heath Francis teve o tempo de 48s72 e o chinês conquistou o ouro com 49s53. Delfino, que aos 18 anos perdeu parte do braço direito, após um acidente no campo, onde trabalhava como lavrador, teve uma infância difícil e começou a trabalhar com cinco anos. Ele é casado tem 5 filhos e dois enteados. Agora o campeão da vida e das pistas, ainda irá correr os 100m e tem grandes chances de conquistar mais uma medalha para o Brasil. Criatividade nas pistas: Antônio Delfino é um fenômeno do atletismo. Seu sucesso é fruto de um trabalho criativo e competente do técnico de base do atleta: professor Raimundo Tadeu, uma espécie de professor Pardal. Com pneus, garrafas pets e troncos de árvores, o professor montou uma academia ao ar livre para seu pupilo. Delfino precisa puxar pneus na quadra de areia; pular troncos de árvores com tamanhos diferentes e ainda usar um pára-quedas para controlar a velocidade. Toda essa criatividade e força de vontade o faz o melhor do mundo nos 400m e 200m. Enquanto Delfino quebrou recorde e ganhou medalha de ouro no Estádio Olímpico, Clodoaldo Silva não deixou por menos na piscina coberta do Centro Aquático Olímpico. A diferença entre os dois campeões paraolímpicos é que o nadador não quebrou seu próprio recorde como fez o velocista. O potiguar Clodoaldo quebra recordes como que brincando. E foi desta maneira que ele começou a competir nos 50m borboleta, desde a metade do ano passado. Os amigos Adriano Lima e Albere Cantinho, também nadadores, foram os incentivadores. "Esta medalha é resultado do trabalho feito por mim e pelo meu técnico Carlos Paixão", ressalta. Clodoaldo deu mais um banho em seus concorrentes. Desta vez, foi nos 50m borboleta - prova em que não era considerado favorito. As outras duas façanhas foram nos 100 e 200m livre. "Eu era coadjuvante, mas tinha o pensamento de melhorar minhas marcas", concluiu. Sem falar que mandou para o espaço mais um recorde mundial. Baixou a marca do tailandês Somchai Doungkaew, que era de 45s75, feita na eliminatória da manhã de ontem, para 45s12. Em segundo lugar ficou o tailandês Somchai, com 45s59, e o bronze foi para o mexicano Jose Arnulfo Castorena, com 53s01. Na mesma prova, o brasileiro Joon Sok Seo chegou em sexto, com 1min02s31. Além de ser o rei das piscinas, Clodoaldo cativa quem está ao seu redor. Após a cerimônia de premiação, o potiguar foi parado pelo tailandês para tirar fotos. Não é todo dia que se pode encontrar um recordista mundial por aí. Antes da prova começar, até quem acompanha de perto o trabalho de Clodoaldo não acreditava que o potiguar poderia vencer. Uma medalha, quem sabe. Mas em se falando do Poseidon nacional, nunca se pode duvidar de nada. É importante considerar que ele ainda nem competiu em sua prova predileta: os 50m livre. Caso consiga mais um ouro, o potiguar se tornará o primeiro atleta brasileiro a ganhar quatro medalhas numa mesma edição dos Jogos Paraolímpicos. Para as pessoas com deficiência do Brasil, Clodoaldo deixa uma mensagem de otimismo. "Todos nós temos de sair de casa, pois somos capazes de somar à sociedade". Só que no caso do tubarão, além de dar uma lição de perseverança e competência para a sociedade brasileira, ele soma bastante para o quadro de medalhas nacional. Futebol de 5 (para cegos) Os craques do futebol de cinco continuam arrasando em solo grego. Ontem, 22 de setembro, as redes do time adversário, a Espanha, balançaram três vezes, contra nenhuma dos brasileiros. O primeiro gol veio pelos pés de Marcos Felipe, aos nove minutos. O segundo foi aos 20 minutos de partida, com João Batista, o artilheiro da competição com sete gols. Para fechar com chave de ouro, Marcos Felipe marcou mais um contra os espanhóis, aos 48 minutos e 11 segundos, levantando a torcida. Os próximos a enfrentarem as chuteiras brasileiras serão os argentinos, no dia 24, em um jogo que promete muita rivalidade e show de gols brasileiros. Por já ter nove pontos em três partidas, o Brasil se garante na disputa pelo bronze, no mínimo. O sexto dia de competição: atletismo, futebol de 7, goalball, ciclismo, natação e tênis de mesa competem hoje em Atenas.
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