Mas há problemas estruturais.
Com o que se parece? Uma típica metrópole, caótica, rica, com uns monumentos de 2.500 anos pelo caminho. E que monumentos. Agora, eles ganharam a companhia de outra obra de arte, o OAKA, como eles chamam o Complexo Olímpico, que está à disposição dos Jogos Paraolímpicos, que utiliza a mesma estrutura, os mesmos seguranças, os mesmos voluntários, que não são poucos. Estão sempre sorridentes e prestativos. Falam inglês. Mas quase nunca conseguem responder à informação que pedimos. Tudo bem, tudo é festa... Cada ginásio, cada instalação e cada espaço, tudo é uma obra-prima, mas um detalhe chama a atenção: o acesso de jornalistas deficientes credenciados não tem facilidades. Dou muitas voltas. Percebem-se até plataformas e elevadores instalados precariamente e de última hora. É claro que para o espectador deficiente não tem problema algum, e ele fica no melhor lugar. Independentemente da distância, o OAKA virou programão de domingo dos gregos. Mesmo aqueles que não conseguiram ingressos, trazem a família para passear e admirar. Há fontes. Há um cata-vento gigantesco. Virou um parque. Especialmente entre o estádio Olímpico e as instalações, num corredor largo e com quiosques. A grande surpresa é que para muitas competições não há mais ingressos. O povo quer ver os atletas deficientes competirem e está pagando para isso. A torcida é fanática como sempre. Há turistas de todos os países que preferiram assistir aos Jogos Paraolímpicos ao invés dos Olímpicos. Parece que há um novo conceito de Jogos Paraolímpicos. Não se trata mais de um evento de caridade e filantropia. Virou negócio. Há representante de todas as emissoras de tevê brasileiras, da grande imprensa escrita, das rádios. Em Atenas, a ET1 e a ET3, canais de tevê, transmitem a maioria das provas. Há uma feira de produtos especialmente desenhados para atletas olímpicos profissionais ou casuais. Cadeiras de rodas para tênis, corrida, maratona, basquete, cada uma tem sua especificação. E as mesmas roupas que imitam a pele de tubarão dos atletas olímpicos são utilizadas pelos paraolímpicos. Do Brasil, já há grandes ídolos. O nadador Clodoaldo Silva é um deles. Humildemente, não quer ser comparado a ninguém. Com seu bronzeado forte e a cara de um brasileiro típico, é um atleta simples e obcecado. Um autêntico Silva. E Adria Santos, ouro dos 100 m de atletismo, o sorriso mais bonito dos jogos. Muita gente me pergunta se faço algum esporte. Nado. De costas. Antes, não saberia definir o meu estilo. Aqui, descobri que ele é livre ("free style"). E se pegar um Clodoaldo pela frente, dou trabalho. O tempo dele, nos 100m, é em torno de 1min19s. Bem, fazendo as contas, acho que ele vai levantar poeira. Meu estilo é igual ao dele. Mas faço 100m em uns 4min. Quando estou animado. Nota do Editor: O escritor e jornalista Marcelo Rubens Paiva viajou a Atenas a convite da Loterias da Caixa, patrocinadora oficial do Comitê Paraolímpico Brasileiro.
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