Apesar do tamanho recorde da delegação brasileira na China, com 277 atletas de 32 modalidades, o Brasil manteve uma atuação modesta nos jogos olímpicos e terminou a competição com um número de medalhas inferior às conquistadas em Atenas 2004. Os resultados de Pequim nos legaram algumas lições importantes para Londres, em 2012, e para os jogos de 2016, que talvez ocorram no Rio de Janeiro. É muito difícil que o Brasil consiga em apenas quatro anos mudar sua qualificação significativamente e chegar a um desempenho comparável ao da Austrália, por exemplo. Mas, acreditamos que um planejamento de oito anos poderia levar o Brasil a "virar o jogo" e dar esse salto de qualidade na primeira olimpíada realizada no país. Grandes potencias esportivas como Estados Unidos, China e Grã Bretanha investem na formação de atletas desde a escola básica e estimulam os talentos para sua evolução em cada esporte. Este é o caminho que estamos trilhando. Nestes oito anos que nos separam de 2016 teremos o tempo necessário para formar uma geração de atletas campeões, agora em novas condições e com maior apoio institucional, graças à Lei do Incentivo ao Esporte. Criada no ano passado, a Lei 11.438 permite a apresentação de projetos ao Ministério do Esporte, visando à implementação, prática, ensino, estudo, pesquisa e desenvolvimento do desporto, seja ele educacional, de participação ou de rendimento (não-profissional). Assim, prefeituras, governos estaduais, fundações, clubes, associações, ligas, federações e confederações, dentre outras, podem encaminhar ao Ministério do Esporte projetos desportivos diversos. Essa lei, ainda pouco conhecida no país, significará grande avanço na área de patrocínio esportivo, com repercussões também no desempenho de nossos atletas, que têm lutado até aqui com enormes dificuldades, sem apoio significativo de clubes e empresas, e portanto largando em desvantagem contra os seus adversários de países mais ricos ou que investem maciçamente no desenvolvimento dos esportes olímpicos. Os investimentos em esporte também foram recordes nesta edição. Para Atenas - 2004, cerca de R$ 90 milhões foram investidos no esporte, contra R$ 160 milhões injetados entre 2005 e 2008. Contabilizando as verbas repassadas a todos atletas, não só os que foram às Olimpíadas, - Lei Piva, lei de incentivo e repasses governamentais geraram R$ 654,7 milhões investidos no esporte olímpico nacional. As estatísticas indicam que os resultados do investimento no esporte vão muito além dos "corpos sarados": segundo projeções do Núcleo de Estudos da Saúde, da Previdência e da Assistência Social da FGV, para cada real investido em esporte no Brasil há um retorno de R$ 8,59 em melhorias sociais - saúde, educação, luta contra o crime e geração de empregos, entre outros indicadores. Assim, o investimento no esporte representa ainda um grande investimento social. E é também por isso que diversas entidades, entre as quais a Associação Brasileira da Indústria do Esporte (Abriesp) estará realizando, em São Paulo, nos próximos dias 3 a 6 de setembro, um evento que pretende discutir a fundo a questão do patrocínio esportivo. No encontro, espera-se a presença de mais de 3 mil congressistas, que representam toda a cadeia produtiva do esporte. Sim, cadeia produtiva, porque este setor movimenta no Brasil mais de US$ 18 bilhões por ano, ou o equivalente a 2% do PIB. E gera cerca de 300 mil empregos diretos. Como melhorar o desempenho brasileiro nas próximas edições do certame será um dos principais temas do congresso. O Sports Business traz novidades sobre os mais diferentes nichos que compõem esse mercado esportivo. Reunirá em um só espaço as mais variadas entidades e profissionais para interagirem com a indústria esportiva. Conta com o apoio e participação de inúmeras instituições ligadas ao esporte, tais como o Ministério do Esporte, as secretarias municipais e estaduais de Esporte, os clubes privados e públicos, o Conselho Regional de Educação Física - SP, o Sieesp (Sindicato das escolas particulares), além de academias e faculdades, entre outros, para discutir as necessidades do setor. A melhor forma de garantir a competitividade de nossos atletas é buscar as formas de aumentar o investimento no setor, em suas diversas modalidades, e leva-las à prática. Senão, continuaremos a ter uma trajetória nas olimpíadas semelhante à dos atletas irregulares, com algumas conquistas isoladas, fruto muito mais do empenho e da determinação de esportistas singulares, como Maurren Maggi e César Cielo, do que de um esforço conjunto, planejado e com investimentos adequados de um país, em todas as suas instâncias. Nota do Editor: Maurício Fernandez é presidente da Associação Brasileira da Indústria do Esporte (Abriesp).
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