Natação quebra um recorde brasileiro e duas marcas sul-americanas no primeiro dia em Atenas.
| Evandro Teixeita / COB |  | | | Joanna Maranhão, nos 400m, hoje em Atenas. |
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Ricardo de Moura, chefe de equipe da natação brasileira nos Jogos Olímpicos de Atenas, descreveu a estréia do Brasil na capital grega, neste sábado, dia 14, como um dia além das expectativas. No feminino, Joanna Maranhão fez História. Igualou o melhor resultado olímpico de uma brasileira, que havia sido o quinto lugar de Piedade Coutinho em Berlim-36 e agora também possui um quinto lugar, obtido na final dos 400m medley no Centro Aquático de Atenas, com o tempo de 4min40s00 - novo recorde brasileiro. Pela manhã, nas eliminatórias, ela já havia marcado 4min42s01, batendo o seu próprio recorde nacional dos 400m medley, que era de 4min42s55. Além disso, foi a primeira brasileira a nadar uma final olímpica desde Londres-48, onde Piedade Coutinho foi a sexta colocada nos 400m livre e a equipe de revezamento 4x100m livre, com Piedade, Eleonora Schmitt, Maria Leão da Costa e Talita Alencar Rodrigues, ficou em sexto. "Meu resultado foi excelente. Ainda não tenho experiência em Jogos Olímpicos. Não tenho muita malícia na virada e meu nado peito não está bom. Tenho que fazer musculação para aumentar a força das pernas e melhorar essa pernada. Mas o quinto lugar do mundo está ótimo", comemorou ela, de apenas 17 anos. O revezamento 4x100m livre feminino do Brasil bateu o seu próprio recorde sul-americano (3min47s05) mesmo sem se classificar para a final da prova. Rebeca Gusmão, Tatiana Lemos, Renata Burgos e Flávia Delaroli marcaram 3min45s38, empatadas com a equipe da Bielorrúsia em 11º lugar. A Austrália venceu a prova, com 3min35s94, seguida pelos Estados Unidos, com 3min36s39, e pela Holanda, com 3min37s59. No masculino, mais um recorde sul-americano. Eduardo Fischer fez 1min01s84 nas eliminatórias dos 100m peito, pela manhã, melhorando sua própria marca continental, que era de 1min01s88. Porém, na semifinal, à noite, ele obteve o tempo de 1min02s07 e não conseguiu uma vaga na final, ficando em 15º. "Infelizmente, o sonho de uma final acabou. Não sei o que aconteceu. Parecia que estava indo bem na prova", lamentou Fischer, que ainda disputará esse ano o Campeonato Mundial de piscina curta, em Indianápolis, EUA. "Agora, é pensar em 2008", afirmou o brasileiro. O americano Brendan Hansen nadou a semifinal dos 100m peito em 1min00s01, recorde olímpico. O segundo melhor tempo foi o do japonês Kosuke Kitajima, com 1min00s27. Em terceiro, ficou o britânico Darren Mew, com 1min00s83. Nas eliminatórias dos 400m medley, Thiago Pereira ficou em 17º lugar, com 4min22s06, e Lucas Salatta terminou em 19º, com 4min23s01. Os dois não se classificaram para a final. Bruno Bonfim também ficou fora da decisão dos 400m livre, com o tempo de 3min59s96. Nesta segunda-feira, dia 16, Joanna Maranhão voltará à piscina. Ela disputará as eliminatórias dos 200m medley, previstas para começar às 10h46 (4h46 em Brasília). "Essa não é a minha prova. Não tenho meta. Vou fazer o melhor que der", disse Joanna, empolgada para nadar o 4x200m livre na quarta-feira, dia 18. "Melhorei muito minha base de crawl nesse último ano e as quatro meninas estão bem. Temos uma relação muito boa, estou amando fazer parte desse revezamento". Mariana Brochado abrirá o 4x200m livre, seguida por Monique Ferreira, Joanna Maranhão e Paula Baracho. "A Mariana e a Monique são fortes, mas eu e a Paula. Vai ser o que Deus quiser. Se as quatro nadarem bem, podemos tentar uma final", disse Joanna. Os planos da jovem nadadora recifense incluem uma temporada de estudos e treinos nos Estados Unidos. "Não quero parar de estudar como aconteceu em Recife esse ano. Quero terminar o terceiro ano do segundo grau. Pretendo ir para os Estados Unidos no ano que vem, onde dá para treinar e estudar no mesmo lugar", comentou Joanna. "Vou sentir muita saudade da minha mãe, mas chega uma hora em que temos que crescer na vida. A Flórida é pertinho de Recife", brincou Joanna. Ela não se preocupa com possíveis cobranças daqui para a frente. "O meu técnico (Nuno Trigueiro) me disse que era importante entrar para competir sem sentir a obrigação de ir bem. Todo sábado à tarde, estamos só eu e ele na piscina treinando. Então, se alguém fosse me cobrar, teria que ser ele, e ele não estava me cobrando nada. Vou continuar nadando sem preocupação", afirmou Joanna. Depois da estréia da natação em Atenas, o chefe da Equipe Brasileira, Ricardo de Moura, só viu motivos para comemorar. "Superamos as expectativas, em especial, pelo quinto lugar da Joanna, igualando o melhor resultado de uma brasileira em Jogos Olímpicos, que havia sido em 1936. Só que hoje nós temos 152 países participantes na natação, é uma realidade diferente. É um dos maiores níveis de dificuldade dos Jogos Olímpicos. Esse resultado resgata não só a história, mas também a natação feminina do Brasil. Essa nova geração vem aí. Para o primeiro dia, está de bom tamanho", avaliou Moura.
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