Evandro Teixeira / COB      Shelda e Adriana Behar no treino de vôlei de praia.

O calor deve ser aliado dos brasileiros no vôlei de praia em Atenas. Pelo menos foi o que demonstraram as duplas do País durante a movimentação desta quarta-feira, dia 11, tanto na quadra de jogo como na área reservada pela Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) aos treinos exclusivos dos brasileiros. O sol forte de Atenas faz lembrar o clima do Brasil e as parcerias masculinas e femininas parecem em casa.

Vice-campeões do Circuito Mundial 2003, Márcio e Benjamin foram os primeiros a deixar a quadra principal do Centro Olímpico de Vôlei de Praia, em Faliro. A dupla conta com o calor como um terceiro parceiro durante os jogos. "Estamos aqui há dez dias e o sol está sempre escaldante, o que pode decidir a partida a nosso favor. A CBV também adiantou nosso serviço, porque só temos a quadra de jogo disponível para treinar uma hora por dia. Em Glyfada, onde está a área reservada, temos a quadra quase sempre disponível", afirmou Benjamin.

Márcio também destacou a ajuda que a natureza ateniense pode dar. "A areia pesada, o vento, muito sol, tudo isso aproxima o jogo aqui em Atenas do que o vôlei de praia realmente é. Isso é muito bom para os brasileiros", comentou, deixando claro que o objetivo da dupla é jogar duro desde o início. "Precisamos impor o respeito que o Brasil merece. Temos que entrar como leões. É assim que você ganha o respeito dos treinadores e dos jogadores adversários".

Em seguida, as campeãs do Circuito Mundial 2003, Ana Paula e Sandra, fizeram período de treinos na quadra principal de jogo e, logo depois, partiram para as quadras de treino do Centro Olímpico. "A gente tem melhorado a cada dia. Hoje (quarta-feira, dia 11), sentimos que estamos nos adaptando melhor às condições de jogo", contou Sandra.

Quem não poderá contar com a ajuda do sol é a dupla Emanuel e Ricardo. Como jogarão todas as partidas da primeira fase à noite, os atuais campeões mundiais têm procurado treinar em Atenas a partir do fim da tarde, quando o clima está mais ameno. Porém, nesta Quarta, dia 11, eles enfrentaram muito vento em Glyfada. "Estava ventando muito, o que chegou a atrapalhar um pouco o nosso treino. Mas isso faz parte. Em 2002, joguei à noite no Goodwill Games, na Austrália, com o Loyola, e ganhamos. Como o Emanuel e eu, as outras duplas também não estam acostumadas a esse horário noturno", disse Ricardo.

Já Emanuel jogou à noite pela primeira vez há seis semanas. "Por ironia do destino, estávamos em Portugal e participamos de um campeonato de trincas, por brincadeira. Eu, o Ricardo e o (português) Miguel Maia fizemos partidas à noite, por volta de 22h30. Foi tranqüilo", disse Emanuel, que, junto do parceiro Ricardo, fez um treinamento leve na quadra principal do Complexo Olímpico, na noite desta quarta-feira, dia 11.

Atuais líderes do ranking mundial, Adriana Behar e Shelda também estréiam à noite, no domingo (dia 15). Até a véspera do jogo, querem aproveitar ao máximo os treinos, mesmo os que são realizados durante o dia. "Vamos suar muito, treinar forte mesmo", afirmou Shelda, deixando a quadra central após cerca de 25 minutos de treino.

A técnica de Adriana e Shelda, Letícia Pessoa, não está preocupada com o horário noturno. "No Brasil, começamos o ano treinando à noite, porque sabíamos que aqui seria assim. Elas não vão estranhar. Estão muito motivadas para competir", contou Letícia, elogiando também a qualidade das instalações. "Fizemos um reconhecimento da quadra e achamos ótima. Estão de parabéns".

O discurso dos brasileiros na fase final de preparação para a estréia nos Jogos Olímpicos está parelho: as duplas pretendem manter a concentração até o início das disputas e, depois, pensar no melhor a fazer jogo a jogo, encarando todos os adversários com seriedade.