Heptacampeão mundial disputa primeiras regatas no dia 15.
| Thomas Scheidt |  | | | Robert espera voltar de Atenas com uma medalha no pescoço. |
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Quatro anos depois da prata conquistada em Sydney, mais experiente, com o mesmo preparo físico e com 29 títulos a mais na classe Laser - sendo três Campeonatos Mundiais -, o heptacampeão mundial Robert Scheidt viaja para Atenas neste domingo em busca da terceira medalha olímpica da carreira. Invicto no ano com títulos nas nove competições que disputou, Scheidt, líder do ranking mundial, é candidato à medalha de ouro, mas sabe que terá muitas dificuldades para voltar ao lugar mais alto do pódio, como aconteceu em Atlanta, em 1996. Na entrevista coletiva que concedeu em São Paulo nesta quarta, o iatista disse que espera voltar ao Brasil no dia 25 de agosto com uma medalha no peito. "Meu objetivo desde a prata de Sydney é a conquista da terceira medalha olímpica da carreira. Vou buscá-la em Atenas, independentemente da cor", afirma o iatista, de 31 anos, patrocinado pelo Banco do Brasil, Medley Genéricos, Varig e Volvo Car Brasil e integrante da Equipe Petrobras de Vela. "Tenho a meu favor quatro anos a mais de experiência em relação a Sydney. Isso com o mesmo preparo físico. Nunca estive tão bem física e psicologicamente, os títulos que já conquistei em 2004 me deixaram mais confiante, e agora chegou a competição mais importante do ano", completa. Robert já velejou em Atenas três vezes nos últimos dois anos. Em 2002, na Semana Pré-Olímpica Grega, evento-teste para os Jogos de 2004, ele não passou de um 12º lugar. Na mesma competição no ano passado, Scheidt conquistou o 100º título da carreira. No final de junho, o velejador voltou à capital grega para um período de treinos e a participação no Campeonato Grego, disputado a 3 milhas náuticas (5,5 km) da raia olímpica e também vencido pelo supercampeão. "Felizmente já estou bem mais adaptado à raia de Atenas. Os ventos mudam muito de direção e num curto espaço de tempo. Outro fator que promete atrapalhar é o calor, que foi intenso durante todo o Campeonato Grego, com aproximadamente 40ºC", conta o melhor velejador do mundo em 2001, segundo a Federação Internacional de Vela (ISAF). Além da experiência maior, Scheidt considera o vice-campeonato mundial em Cadiz, na Espanha, em 2003, outro ponto favorável a seu desempenho nos Jogos de Atenas. "Aquela derrota por apenas um ponto para o português Gustavo Lima foi ótima para mim, pois trabalhei com mais afinco e consegui recuperar o título este ano. Talvez, se tivesse sido campeão naquela oportunidade, poderia estar menos preparado psicologicamente." Em 2004, Scheidt conquistou o Campeonato Brasileiro pela 10ª vez, foi tetra do Sudeste Brasileiro, hexa do Centro-Sul-Americano, campeão do Cricket Match Race, da Pré-Olímpica de Búzios, do Campeonato Grego e da Semana de Hyères, na França, tri da Semana de Kiel, na Alemanha, e heptacampeão mundial em Bodrum, na Turquia. Em cada título conquistado, Scheidt deixou para trás diferentes adversários, que vão brigar por medalha em Atenas. No Sudeste Brasileiro, o vice-campeão foi o português Gustavo Lima (9º do ranking mundial), seguido pelo espanhol Luis Martinez Doreste (29º). No Centro-Sul-Americano, ficaram atrás de Robert o croata Mate Arapov (10º), o esloveno Vasilij Zbogar (6º) e o argentino Diego Romero (44º). Em Hyères, o brasileiro superou o austríaco Andreas Geritzer (8º), o inglês Paul Goodison (3º) e o australiano Michael Blackburn (2º). No Mundial de Bodrum, Blackburn foi o principal rival de Scheidt, mas na última regata da competição perdeu o título e o vice-campeonato para o norte-americano Mark Mendelblatt (12º). Em Kiel, a pedra no sapato do brasileiro foi novamente o austríaco Andreas Geritzer. Outros adversários de peso são o belga Philippe Bergmans (17º), campeão europeu no último final de semana, o sueco Karl Suneson (5º), o finlandês Roope Suomalainen (15º), o sul-africano Gareth Blanckenberg (4º) e o neozelandês Hamish Pepper. O novo ranking da ISAF será divulgado na terça-feira. "Ninguém ganha medalha por antecipação. Tive a felicidade de superar todos os meus principais rivais da Olimpíada este ano, mas isso não quer dizer nada. Em Atenas, todos vão brigar pelo mesmo objetivo, que é conseguir uma das três medalhas". Robert Scheidt retira o barco cedido pela organização dos Jogos nesta terça-feira. "O que eu tinha para fazer como preparação já foi feito, mas chegar cedo será bom para me adaptar ao clima de Atenas e dos Jogos. Vou ter tempo de fazer alguns treinos leves na água e cuidar da parte física também. Esse período também será importante para testar algumas coisas no barco, como as regulagens do mastro e da vela." As duas primeiras regatas da classe Laser na Olimpíada acontecem no dia 15, a partir das 13 horas locais (7 horas de Brasília). Outras duas provas estão programadas para os dias 16, 17, 19 e 20 de agosto, com início sempre no mesmo horário. Os dias 18 e 21 ficam de reserva para qualquer atraso na programação oficial, e a regata decisiva acontece no dia 22. Apenas um descarte será permitido. Ao todo serão 400 atletas na Vela, espalhados pelas 11 classes olímpicas. As regatas serão disputadas no Centro Olímpico de Vela de Ágios Kosmas, distante 34,7 km da Vila Olímpica e com capacidade para 1.600 espectadores. O Centro está localizado em Pireus. A classe Laser começou a ser disputada em Atlanta, quando Robert Scheidt foi medalha de ouro, o inglês Ben Ainslie ficou com a prata e o norueguês Peer Moberg foi bronze. Em Sydney, Scheidt e Ainslie trocaram de lugar no pódio, e o bronze ficou com o australiano Michael Blackburn. Entre os 44 iatistas da classe Laser em Atenas, 20 já participaram de uma edição dos Jogos, conquistando quatro medalhas (duas de Scheidt e uma de Blackburn na Laser e um ouro do espanhol Luis Martinez Doreste na classe 470 em Los Angeles/84, quando velejava com Roberto Molina).
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