O Festival de Inverno de Campos do Jordão completa 35 anos e passa a se chamar Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordão. Ele irá reunir alguns dos maiores nomes da música clássica, que atuarão como intérpretes e professores junto aos alunos bolsistas do Brasil e de outros países. Resgatando sua vocação, o Festival volta a fortalecer a parte pedagógica, com a missão de revelar e aprimorar jovens talentos. A partir desta edição o maestro Roberto Minczuk assume a Direção Artística do Festival, que acontece entre os dias 3 e 25 de julho. Além de reger o concerto de abertura com a Osesp, dirigirá mais 4 concertos com a Orquestra do Festival formada pelos bolsistas. Desde os tempos de Eleazar de Carvalho o Festival não tinha um artista de reputação internacional como diretor. "O Festival de Inverno de Campos de Jordão retoma em grande estilo, o caráter clássico e de formação de músicos que teve em sua origem. A excelência nas apresentações de uma nova geração de instrumentistas se consolida com o maestro Roberto Minczuk que convidei para diretor artístico", ressalta a Secretária de Estado da Cultura, Claudia Costin, que o encarregou da tarefa para os próximos três anos. Roberto Minczuk é o melhor exemplo de quanto o evento pode contribuir para despertar novos e promissores talentos. Bolsista em Campos do Jordão aos 11 anos de idade, em 1978, Minczuk é hoje Regente Associado da Orquestra Filarmônica de Nova York, e Diretor Artístico Adjunto e Regente Associado da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo. Ele tem dedicado parte de seu tempo entre concertos no Brasil, EUA e Europa e, principalmente, criando um Festival com nova identidade e concepção, que trará melhor qualidade na programação e no aprendizado de jovens músicos. "’Quero investir na formação para criar uma nova geração de profissionais, como dos primeiros festivais. Eles revelaram músicos que agora, estão em postos chaves, espalhados pelas boas orquestras do Brasil e do mundo. Campos deve mirar como referência os Festivais de Tanglewood e Aspen, nos EUA". A missão e o objetivo de aperfeiçoar o ensino musical fez o Festival inaugurar, a partir deste ano, uma nova vertente: compositor e conjuntos de câmara residentes, oferecendo aos bolsistas o convívio em tempo integral. Nesta grande festa da música, público, alunos bolsistas e músicos consagrados convivem e trocam experiências, celebrando a importância de fazer música. Como compositor residente, o consagrado Marlos Nobre terá várias de suas obras apresentadas, além de escrever uma peça inédita durante sua estada em Campos. Essa música será estreada no concerto de encerramento pela Orquestra do Festival, sob regência do maestro Roberto Minczuk. Os jovens musicistas terão a oportunidade de aprender em aulas individuais, master classes, prática de orquestra, prática de música de câmara, além de assistir concertos de grupos como o Quinteto de Metais da Filarmônica de Nova York, principais solistas daquela orquestra, o Quarteto Amazônia, vencedor do Grammy Awards 2002 e o Duo Con-Texto, grupo de percussão em residência na Suíça. Do cenário nacional, o Festival de Inverno traz Nelson Freire, Cláudio Cruz, John Neschling, Antônio Meneses, Jean-Louis Steuerman, entre outros e as orquestras Sinfônica do Estado de São Paulo, Petrobras Pró-Música, Sinfônica Municipal de São Paulo, Banda Sinfônica do Estado, Experimental de Repertório, Sinfônica de Campinas, Jazz Sinfônica, entre outras. O encerramento do Festival de 2004 se dará em dois dias: no sábado (24) no Auditório Cláudio Santoro em Campos do Jordão, com a apresentação da OSESP sob a regência do maestro John Neschling, e no domingo (25) na Sala São Paulo, com um concerto regido pelo maestro Roberto Minczuk e a Orquestra do Festival, formada pelos alunos. As apresentações da edição de 2004 não se resumem apenas ao Auditório; serão estendidas para a Praça do Capivari, para as igrejas São Benedito (Capivari) e Santa Terezinha (Abernéssia), além de resgatar outra tradição do Festival, que é o retorno dos recitais ao Palácio Boa Vista, onde tudo começou há 35 anos.
História O Festival de Inverno de Campos do Jordão, foi criado em 1970, pelos maestros Eleazar de Carvalho, Camargo Guarnieri e Souza Lima, inspirado no modelo de Tanglewood (EUA). Sua história está ligada ao Palácio Boa Vista, residência oficial de férias do governo paulista. O então governador do Estado, Abreu Sodré, resolveu abrir o local à visitação pública: para marcar a nova fase do palácio, foi instituído o Festival de Inverno que, em seu primeiro ano, já recebia nomes consagrados da música clássica brasileira. Os primeiros concertos aconteceram no salão nobre do Palácio Boa Vista. O auditório só seria construído em 1978. Em 1973, o maestro Eleazar de Carvalho, diretor artístico do Festival, deu início à programação pedagógica, concedendo bolsas de estudos para jovens promissores no campo da música. Aconteceram as primeiras oficinas em Campos. 380 bolsistas compartilharam experiências com mestres consagrados da música erudita e se apresentaram em uma orquestra formada no Festival. Em 1975, começou a busca por um terreno onde seria construído um espaço para sediar o evento. Três anos depois, era inaugurado o Auditório Campos do Jordão que, em 1989, recebe o nome Cláudio Santoro. O Festival ganha notoriedade e grandes nomes passam a dar aulas aos bolsistas. Os jovens músicos começam, também, a entrar em contato com compositores experimentais, como Cláudio Santoro, Hans Joachin Koellreutter e Almeida Prado. Estudantes de todo o Brasil e de vários outros países do mundo passam a procurar o Festival de Campos do Jordão e muitos hoje, tem seu trabalho reconhecido internacionalmente, como Roberto Minczuk, Cláudio Jaffé Roberto Tibiriçá, Juan Serrano, Wagner Polistchuk, Clotilde Mafalda Pereira Carneiro, Flávio Florence, Fábio Mechetti, Luís Fernando Malheiro e Arcádio Minczuk. De 1995 para cá, grandes atrações internacionais tem se apresentado no Festival cujo público aumenta a cada edição, com a média de 90 mil espectadores. Estrelas do peso do tenor Roberto Alagna, Aprile Millo e Harolyn Blackwell, as irmãs pianistas Kátia e Marielle Labéque, a pianista Maria João Pires e o violinista Augustin Dumay, o violoncelista Anatoli Krastev e o trompetista Daniel Havens, o tenor Ramón Vargas, do pianista Nelson Goerner e da violinista Tatjana Vassiljeva. O apoio da iniciativa privada tem sido importantíssimo permitindo ao Governo do Estado manter o alto nível da programação e possibilitando ao núcleo pedagógico conceder uma bolsa de estudos no exterior. Em 2001, foi criado o Festival Infantil, que passou a fazer parte da programação oficial do evento, reunindo centenas de crianças no Auditório Cláudio Santoro, nas manhãs de domingos, com espetáculos musicais para esta faixa etária.
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