Atletas de nado sincronizado têm queda da taxa de glicose e desidratação durante treinos. Durante uma sessão de treinamento, atletas olímpicas sofreram uma queda de 30% em sua taxa de glicose no sangue, elas perderam 2% do peso devido à desidratação, além de uma alteração na concentração do hormônio cortisol Atletas que praticam nado sincronizado precisam consumir suplementos de carboidrato para manter o nível de glicose do sangue estável, fornecendo energia para o organismo. Com base em uma avaliação das alterações fisiológicas provocadas por uma sessão de treino do esporte, o professor Marcelo Saldanha Aoki, do curso de Ciências da Atividade Física da USP Leste, verificou que a taxa de glicose no sangue das esportistas sofreu uma queda de 30%; a desidratação chegou a 2% do peso delas e a concentração do hormônio cortisol, relacionado ao sistema de defesa do organismo, foi alterada. A avaliação aconteceu antes e depois de um treino de uma equipe que se preparava para as Olimpíadas de 2004 em Atenas. "Como a necessidade de carboidrato é muito alta, fica difícil supri-la somente com alimentos. As atletas precisariam consumir aproximadamente 2,5 quilos de macarrão por dia para atender a demanda", compara Saldanha. Por isso, para esportistas deste nível é recomendado o uso de suplementos nutricionais. A queda da taxa de glicose, de 30%, tem impacto, sobretudo, no funcionamento do sistema nervoso. Essa diminuição também altera a concentração dos hormônios, principalmente do cortisol, que sofre aumento de cerca de 30% no sangue. Esse hormônio é liberado em situações de estresse pelo organismo, para promover maior oferta de energia para o corpo. No entanto, a liberação do cortisol pode provocar diminuição do funcionamento do sistema imunológico - responsável pela proteção do organismo contra elementos estranhos, como vírus e bactérias - deixando, assim, a saúde das atletas mais vulnerável. Desidratação A desidratação também foi significativa: as atletas perderam, no treino, 2% de seu peso. Essa perda é de água do corpo, e não de gordura ou músculos. Saldanha lembra que essas esportistas não podem esperar a sede para consumir água, pois quando isso acontece já é um sinal de desidratação. "As pessoas não costumam ter a noção de que é necessário beber líquidos durante a prática de esportes aquáticos." Pesquisas sobre a fisiologia do treinamento físico são importantes para garantir a própria segurança e desempenho das esportistas. No caso do nado sincronizado, há ainda poucos estudos sobre a modalidade e seu treinamento, lembra o pesquisador. O trabalho foi feito com o apoio do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP e contou com a participação das professoras Andréa Curi, treinadora da Seleção Brasileira de Nado Sincronizado, e Marina Pazikas, técnica do Club Athlético Paulistano. A pesquisa foi publicada na edição de novembro/dezembro de 2005 na Revista Brasileira de Medicina do Esporte. O nado sincronizado, considerado uma mistura de natação, dança e ginástica, é exibido nos jogos olímpicos desde 1952, mas só em 1984 entrou oficialmente na programação das Olimpíadas. "Por trás de dois minutos de uma apresentação do esporte, há um treino de 6 horas diárias, 6 vezes por semana, durante vários anos", ressalta o professor. Além de exigir força, resistência, graça e estilo, o nado sincronizado apresenta alguns desafios únicos: a maior parte dos movimentos é realizada com o rosto submerso na água em apnéia (suspensão momentânea da respiração).
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