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Comportamento
04/06/2006 - 19h28
O papel dos pais na fase pré-vestibular
Eponina Carvalho
 

A maioria de nós concorda que 16, 17 e 18 anos não parecem ser as melhores idades para nossos adolescentes decidirem algo tão importante como a profissão. Mas é desta maneira que acontece se tudo correr bem durante os anos de ensino fundamental e médio. Os pais e a família toda acabam envolvidos neste dilema existencial de seus filhos, embora sempre haja uma parcela de jovens que já decidiu durante o correr do ensino médio e chega à fase de inscrição no vestibular sem tantas dificuldades. Entretanto, a maioria deles, provavelmente se mantém com grandes dúvidas.

Para os pais é importante saber que, apesar de o momento de escolha profissional ser um período crítico na vida de qualquer adolescente, esta crise se apresenta de diferentes maneiras em cada um deles.

Falando grosso modo, quanto maior for a angústia frente à escolha profissional, mais o adolescente terá de se defender dela. E assim, os jovens podem agir reativamente, provocando constantes brigas em casa, (de preferência que tirem o foco do vestibular), ou mesmo fingindo que nada está acontecendo. Muitas vezes a repetência do segundo ou terceiro ano do ensino médio pode estar associada ao medo de chegar ao fim do colégio e ter de enfrentar a nova fase. Além destas reações pode haver perda ou aumento de apetite, insônia, e às vezes, sintomas mais graves, incluindo somatizações, estados depressivos mais significativos, uso e abuso de drogas, e por aí a fora.

E por isso os pais ficam perdidos, sem saber o que fazer para ajudar. Muitas vezes ficam inibidos até de perguntarem a seus filhos se já escolheram, se já sabem em quais cursos irão se inscrever. E assim, desta forma, a comunicação entre pais e filhos diminui bastante.

Alguns jovens têm consciência de que não têm a mínima idéia do que vão fazer, e mesmo assim é difícil assumir esta gigantesca dúvida. Mas é o melhor a fazer e representa uma atitude madura.

Nestes casos o papel dos pais é ajudá-los no reconhecimento do não-saber. A ausência do conhecimento, no caso, não só é esperada, como pode ser importante e útil. Aí então, juntos, pais e filhos, podem descobrir que a pré-condição para o saber é a ignorância. Esta ignorância deve ser aceita e tolerada por todos. Este é o primeiro, e talvez mais importante passo.

Mas as dúvidas também anseiam por respostas. É fundamental que, ao lado da compreensão das ansiedades e medos de seus filhos, os pais não negligenciem a realidade, por mais que em alguns aspectos a consideremos inadequada. Os pais precisam se colocar como auxiliadores dos filhos na percepção, aceitação e no enfrentamento da realidade externa.

Esta tarefa se iniciou no nascimento, quando era preciso que a mãe se adaptasse o máximo possível às necessidades do bebê, pois somente com a gradativa confiança no mãe/pai-ambiente, é que o bebê pôde ir percebendo a realidade, sem que esta se tornasse intrusiva e destruidora de seu psiquismo incipiente.

Agora, no momento de iniciar mais uma fase de desenvolvimento, o jovem continua se valendo da confiança que o ambiente familiar pode proporcionar - sem a alienação que a superproteção gera - para enfrentar concretamente novas dificuldades e compromissos como provas, horários, rotinas de estudo, questões financeiras etc.

Ao acompanhar seus filhos nas dificuldades de escolher uma profissão, os pais podem, e muitas vezes devem, incluir uma ajuda profissional.

Uma orientação profissional, nos moldes em que fazemos hoje em dia, encontra-se exatamente no espaço que caracteriza a interseção entre o não-saber e a busca de algum saber. Atua como o catalisador de um encontro do jovem consigo mesmo, trazendo à consciência dados que favorecem a reflexão. O psicólogo age como um organizador de idéias, de questões e de informações, muitas das quais, o próprio adolescente já possuía, mas não sabia o que fazer com elas, ou então, estavam muito embaralhadas para serem utilizadas.

É interessante observar que muitos jovens decidem fazer um curso de língua estrangeira fora do país por 6 meses ou 1 ano, ou mesmo o famoso intercâmbio. Alguns pais ficam aflitos e preocupados com o "tempo perdido". Entretanto, esta opção pode significar a tentativa do adolescente de obter um respiro, um tempo de descanso antes de continuar seus próximos anos na faculdade. Desde que seja uma opção viável para a família, por que não? Pode vir a ser uma escolha saudável e até produtiva para esses jovens.

Algumas vezes, no entanto, quando as reações e os sintomas demonstram que o jovem está tendo problemas demais com as questões da escolha profissional, torna-se necessário o encaminhamento direto para uma psicoterapia. O profissional que trabalha com jovens na fase de escolha vocacional deve estar pronto para fazer esta indicação. Os pais também devem estar atentos para observar de que maneira seus filhos estão vivenciando esse momento, pois ele representa categoricamente o próprio crescimento.

Às vezes grandes dificuldades na fase de escolher uma profissão, podem evidenciar grandes dificuldades no desenvolvimento do adolescente, que uma vez elaboradas, trazem naturalmente a definição vocacional. A escolha da profissão traz à tona questões como "quem sou eu", e "o que quero fazer da vida", típicas de uma crise existencial. Ela vem permeada da percepção dolorosa da perda, cada vez mais definitiva, do estado infantil e da vida infanto-juvenil. E, portanto, trata-se de uma época de experiências muito enriquecedoras para filhos e pais.


Nota do Editor: Eponina Cavalho é psicóloga especialista em orientação vocacional.

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