O lançamento do BB Cine, primeiro fundo de investimento em cinema do mercado, foi comemorada por diretores e produtores cinematográficos do país. Para José Wilker, "tudo que se faz em favor do cinema brasileiro é ótimo". Resta saber agora de que forma a classe cinematográfica vai se apropriar disso, advertiu, "porque a gente vive uma história de 100 anos de excelentes idéias para cinema e de apropriações às vezes infelizes. Cabe a nós, que fazemos cinema, saber com inteligência se apropriar e usar esse fundo". Wilker avaliou que o BB Cine, ou Funcine, vai facilitar a realização de um trabalho de cunho profissional. "Na medida em que o Banco do Brasil anuncia o novo produto como um negócio, chama-se a atenção para o fato de que esta é uma atividade que ou se profissionaliza e se leva a sério, ou não tem sentido", declarou. O diretor de cinema Cacá Diegues concorda. "Acho que este é um momento histórico para o cinema brasileiro. A partir de agora, o cinema brasileiro tem um novo mecanismo de financiamento, profissional, que está ligado ao mercado financeiro. Isso agrega um novo valor, sem eliminar o que já existe, porque é preciso entender que cinema é uma atividade diversa, que pode ser feita de diversas formas". Diegues sugeriu que, a partir da criação do Funcine, os recursos de renúncias fiscais das empresas estatais, como Petrobrás e Eletrobrás, já poderiam ser exclusivamente dedicados a filmes de estreantes, filmes experimentais, restauração de velhos filmes. "E aí, cada um encontra o seu nicho nas diversas formas de financiamento", disse. No seu caso pessoal, Cacá Diegues diz que a criação do Funcine é um alívio "porque não terei mais que correr atrás de diretores de marketing das empresas, como a Lei do Audiovisual e a Lei Rouanet determinam, podendo ir diretamente a um gestor de fundo de cinema, que entende de cinema". O cineasta espera que novos fundos, de outras instituições, venham a ser criados. Na análise da diretora Regina Casé, o novo produto do BB é ótimo. "Acho que esse é o caminho. Se o cinema no Brasil virar realmente um bom investimento, se ele virar de fato uma indústria, é sinal de que todo mundo está indo ao cinema. E esse é o objetivo final. Que as pessoas primeiro tenham dinheiro para ir ao cinema e que o cinema dê dinheiro para que as pessoas façam mais filmes". Segundo Casé, esta é a equação perfeita. "Esse é um sinal de saúde, um sinal de amadurecimento", disse a cineasta. Conforme externou, é uma atitude infantil o cinema precisar pedir patrocínio, pedir esmola e achar que alguém tem que cuidar dele. A produtora Paula Lavigne reforçou a opinião dos colegas do meio cinematográfico, afirmando que a criação do Funcine é um meio de descongestionar as filas de patrocínio e de investimento. "É importante que a gente tenha um lugar próprio do filme comercial", analisou. Lavigne lembrou que este é o primeiro fundo com a finalidade de alavancar o cinema nacional, com o qual todos deverão aprender a lidar. A idéia é ir separando as turmas, começando a determinar o que é mercado, o que é cinema de arte, por exemplo, afirmou a produtora, que comemorou o lançamento do Funcine porque, quando se tratar de filme comercial, os diretores e produtores já saberão onde poderão contar com investimento.
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