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Ano 2 - Nº 18 - Ubatuba, 14 de Março de 1999 |
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· Memórias do Genésio Gambá Herbert Marques hmarques@iconet.com.br
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seu costume. Era um arrupio com tremedeira que somente amainava com algum tempo de secura. Esse provavelmente foi o motivo de querer mudar daquele lugar. Ir para onde a água não fosse seu algoz.
Algum tempo depois de estar instalado na rua Conceição, certa noite sentiu uma vontade incontrolável de ir até sua antiga palhoça. Era noite avançada, embora iluminada por uma cheia de luz azulada. Bonita de se ver. Já na barranca do rio, bem perto do Cambucá, Genésio sentou no costado da raiz, encostou a cabeça no gigante e adormeceu quase que instantaneamente. Acordou com sol quente, corpo doído, boca seca, fome de respeito. Deu as costas para o rio e se foi para seu casebre tratar da carcaça. Ao passar pelo chafariz notou logo que as crianças que faziam roda de pião se debandaram em tresloucada carreira. O mesmo na encruzilhada da Jordão Homem da Costa com a Conceição, perto de sua casa. Lá, seu Manequinho estava a sua espera. Se foi para a prisão local. Trancado entre grades aguardou no canto resposta do sucedido. Genésio na noite anterior tinha se transformado em lobisomem, sendo encontrado vagando pelos arredores da caixa d'água por dois notívagos embriagados que seguiam para suas casas após merecida esbórnia. Chamados para confirmar a notícia espalhada, tudo foi negado, ficando para sempre, além da pecha de não tomar banho, a de se transformar em lobisomem pelos lados do rio Grande, em noite de lua cheia.
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Ano 2 - Nº 18 - Ubatuba, 14 de Março de 1999 |
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