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Ano 1 - Nº 11 - Ubatuba, 16 de Agosto de 1998
 
Contos

· Pesadelos
    Aládio Teixeira Leite Filho
    articulista@ubaweb.com

A noite escura com seus sortilégios silenciosos e ocultos, surpreende o homem hospedado com sua família, naquelas longínquas paragens que nunca, ninguém ousou pernoitar.
O vento que durante a caminhada do dia, deu refrigério aos corpos dos viajantes cansados pela estafante caminhada, agora torna-se fantasmagórico, com seu assobio cortante, feito sons produzidos por lobos, em noite de sexta-feira de lua cheia.
Os morcegos se animam a sair para sua faina noturna, enquanto nos ocos das imensas figueiras, a coruja pia e agoura a humanidade que nunca lhes poupou impropérios.
Dentro da casa, o jantar pobre é prenúncio de noite longa, comum quando a comida não chega, para sossegar a lezera, que a gente tem nestas circunstâncias.
E começa a grande transposição, os corpos esticam-se e procuram melhor posição, contudo as cobertas insuficientes e a dureza da cama, não permitem um único segundo de conforto, a noite escura é em claro. O mundo lá fora fervilha e, figuras de gatos quizilentos movimentam-se desembaraçadamente pelo espaço que homem nenhum ousa cruzar, soltando ganidos agudos e ameaçadores, que causam frio na espinha e, gelo no coração.
Meia noite o relógio soa, com badaladas lentas, que arrepiam a epiderme e sugerem benzimentos antigos e, há muito esquecidos, um som de corrente sendo puxada com sacrifício, por alguém que pena em arrastá-la pela eternidade, se junta à estranha e terrível orquestra, que captura a noite.
Vozes guturais soam a principio ao longe e, lentamente aproximam-se em direção ao corredor que leva aos quartos, uma névoa branca e úmida, lentamente vai impregnando o ambiente, mensagens estranhas cruzam os ares e invadem a mente dos viventes, já quase ensandecidos, corpos rolam como se estivessem indo em direção a um grande e infinito ralo, solavancos, os corpos sacolejam nas camas, como se padecessem de selvagem maleita.
De repente um tranco maior, caio da cama e pela janela semi-aberta, recebo a saudável luz do sol e, sou brindado por um céu azul royal, pássaros tagarelam alegremente pelos prados, enfim a natureza em comunhão, a nos lembrar que além dos pesadelos, existe a vida que é muito linda.Fim do texto.
Charge do Cliff

    by Cliff Oliveira
    cliff@serv2000.com.br
    http://www.serv2000.com.br/~cliff/

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Próxima edição prevista para 13/09/98.Fim desta Edição.

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