As máscaras
HISTÓRIA DAS MÁSCARAS
As máscaras sempre exerceram uma atração especial no ser humano que as usou para fins diversos ao longo da história. Entre as características especiais estão a de ocultar a identidade do indivíduo que a usa, ao que se acrescenta uma mudança de atitude para conseguir uma dissimulação total, encobrimento e transformação para, algumas vezes, se fazer passar por outra pessoa ou com finalidade ritual, na qual o mascarado tenta adotar a personalidade ou atributos do ser, ou o mito representado pela máscara. Outra característica é que as máscaras representam tradições culturais que retratam os homens que as fizeram e usaram.
| Foto: Arquivo UbaWeb | A máscara é de uso universal e não pode ser calculada sua origem no tempo. Em algumas regiões tornaram-se conhecidas historicamente: nas grutas paleolíticas de Trois-Fréres e Les Cambarelles na França, nas barrancas de Gusula na Espanha. As máscaras egípcias, feitas de lâminas de ouro, que serviam para cobrir a face mumificada dos faraós. Na Ásia a máscara teve uso sempre sagrado. Na Grécia aparecem nas festas dionisíacas, feitas de folha de parreira. Na África negra são ligadas aos cultos apavorantes, sendo o mascarado um embaixador dos Deuses, punidor dos crimes, revelador de culpas, intocável pelo caráter delegatório que possui. Até hoje se pode notar a importância da máscara nesse continente, como, por exemplo, na região de Serra Leoa e Tanganica, onde os nativos costumam enterrar as máscaras imprestáveis dentro de um cerimonial em recanto considerado sagrado, suplicando-se perdão pelo abandono das mesmas. Na América, destacam-se as máscaras dos povos asteca, maia e inca.
No Brasil, de um modo geral, todos os grupos indígenas possuíam bailados com máscaras, notadamente os Caraíbas Aruacos e os Uananas da família Tucuno, na região do rio Uaupés, no Amazonas. Esses indígenas sepultavam seus mortos com semblante velado por uma máscara feita de casca de abóbora. Infelizmente as máscaras não tiveram projeção popular.
No século XVII o uso de máscaras no Brasil já era notório através do carnaval. Mas foi na realização do primeiro baile de máscaras em 1840 no Hotel Itália no Rio de Janeiro que se propagou ainda mais o uso das máscaras.
AS MÁSCARAS EM UBATUBA
Em Ubatuba, as máscaras participam do carnaval desde o século XIX. Havia os mascarados que em bando desfilavam pelas ruas centrais da cidade. As máscaras eram feitas pelos próprios foliões que utilizavam um molde de barro, cola de polvilho azedo, papel higiênico, jornal velho e muita criatividade. Eram feitas centenas de máscaras todos os anos.
Alguns mascareiros se destacavam pela qualidade de seus trabalhos, como José Carneiro Bastos (Zé Cabé), Manoel Nunes de Souza (Manequinho Carcereiro), Antonio Felix de Pinho (Seu Pinho), José Luiz Pimenta (Zé Pimenta), e mais recentemente João Teixeira Leite.
A máscara teve um papel importante no carnaval ubatubense até os anos 70, mas hoje podemos apreciar essa manifestação popular somente no grupo da Dança de Boi que se apresenta nas tradicionais festas populares de nossa cidade.
A FUNDART costuma promover no mês de agosto uma oficina de confecção de máscaras com o objetivo de preservar e incentivar essa arte.
FONTE | Sidnei Martins Lemes |
EXPOSIÇÃO DE MÁSCARAS
As máscaras envolvem uma tradição de Ubatuba. Elas se inserem no universo da arte folclórica de finalidade lúdica. Serviam à animação do carnaval de outrora, e, ainda em 1941, durante o tríduo de Momo, desfilaram nas ruas desta cidade blocos de foliões dissimulados, com os rostos com máscaras confeccionadas por artesãos locais. Entretanto, medidas oficiais de segurança impostas ao carnaval nos últimos tempos, contribuíram para que as gerações mais novas viessem a desconhecer esses interessantes e pitorescos artefatos na sua forma original e autêntica. A presente exposição tem, portanto, o múltiplo sentido de integrar os jovens no culto ao tradicional, proporcionar aos mais idosos alegres recordações dos tempos de sua própria mocidade, homenagear os velhos remanescentes desse tipo de artesanato, e, finalmente, colocar um material autêntico e importante à disposição dos estudiosos da cultura popular brasileira.
O interesse pelo conhecimento e estudo das máscaras de uso histórico do litoral paulista (com ênfase para Ubatuba) foi despertado a partir de 1954, quando foram mencionadas em noticiário sobre a Exposição Interamericana de Arte e Técnica Populares, instalada no Parque do Ibirapuera como parte das comemorações do IV Centenário da Cidade de São Paulo. Mais tarde, em 1960, pesquisadores da Comissão Paulista de Folclore, por incumbência de órgãos superiores, empreenderam um levantamento do folclore em nossa região, do qual resultaram reportagens especializadas, além de comunicação a um congresso internacional, apresentada pelo doutor João Alfredo Rabacal, então professor de Filosofia, Ciências e Letras de Franca - SP.
FONTE | Francisco Pereira da Silva |
AS MÁSCARAS DE SEU MANEQUINHO
Manoel Nunes de Souza, Seu Manequinho, apesar de nunca ter sido de brincar o carnaval, foi em sua época o mascareiro mais procurado de Ubatuba. Sua arte tem até hoje como marca registrada o grande porte de suas máscaras, com minúcias de detalhes e cabeleira e barbas feitas em corda desfiada e pintada.
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Foto: © Eduardo Antonio de Souza Netto | | Foto: Arquivo UbaWeb |
Seu reconhecimento maior aconteceu quando, em 1989, participou da 20ª Bienal de Arte Moderna do Estado de São Paulo. Segundo sua esposa, dona Benedita Oliveira Souza, as máscaras eram feitas a partir de formas de barro, sobrepostas de tiras de papel engomado que, quando secos, eram desenformados, dando origem às máscaras, que eram pintadas e decoradas.
Seu Manequinho faleceu em 1990, aos 85 anos, deixando como herança sua grande participação no enriquecimento do folclore local.
FONTE | Fundação de Arte e Cultura de Ubatuba - FUNDART |
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