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CULTURA
A lenda de Nossa Senhora aprisionada
Capela de Nossa Senhora das DoresCapela de Nossa Senhora das Dores
Foto: Arquivo UbaWebFoto: © Mauro Roberto Santos

Nos últimos decênios do século XIX, segundo narra a lenda, uma senhora residente na cidade do Rio de Janeiro, fez uma promessa a Nossa Senhora das Dores, pedindo à santa que protegesse seu marido que se encontrava participando da guerra entre Brasil e Paraguai e o trouxesse de volta com saúde e sem mutilação de guerra. Se o seu pedido fosse realizado, ela iria edificar uma capela em louvor à Santa, escolhendo para isso um lugar humilde e que não tivesse uma capela. Passou-se algum tempo, a guerra terminou e o marido daquela senhora havia retornado, tão bem quanto tinha partido. Após alguns meses, essa senhora conheceu um pescador, mestre de barco, chamado Pedro Vicente, bom conhecedor das terras da gente do litoral norte paulista, e por indicação do mesmo, a capela foi edificada na praia do Itaguá em Ubatuba, recanto que conheceu de perto a figura venerada do padre Anchieta, quando aqui esteve servindo de refém dos índios tupinambás, enquanto se tratava do armistício entre índios e portugueses.

Após a construção da capela, nela foi colocada a imagem de Nossa Senhora das Dores, como havia prometido aquela senhora. A imagem veio do Rio de Janeiro em um navio que fazia rota entre aquela cidade e Santos. Quando o navio atracou no largo de nossa enseada, uma procissão formada por dezenas de canoas foi buscar a imagem. Foi uma grande festa para a comunidade do Itaguá.

Alguns anos se passaram e o inesperado aconteceu. Dois credores do mestre de barco Pedro Vicente, revoltados pelo desaparecimento do mesmo, e ansiosos para pronta solução de seus interesses pessoais, não trepidaram em praticar um inédito ato de vandalismo, destruindo a capela e dividindo entre eles não só o material de construção como também a posse da imagem de Nossa Senhora das Dores, que o povo do Itaguá venerava com muito amor e respeito. A imagem agora estava guardada, aprisionada, na residência de um dos implacáveis credores e depois na de seus descendentes.

Passaram-se longos anos e a comunidade sempre a lamentar o ocorrido, pois não tinha mais o seu templo para realizar as comemorações religiosas. Mas parece que o remorso profundo haveria de acorrentar os malfeitores ao seu denegrado gesto e, segundo falatórios e conversas de botequins, um dos malfeitores tinha terminado na miséria e o outro suicidara-se. Os comentários também eram que as almas daqueles que destruíram a capela e que fizeram da imagem uma Santa prisioneira, não tinham sossego, pois as mesmas perambulavam ao redor das ruínas da capelinha. Muitos foram os pescadores que, em noites de luar, ouviram os lamentos daquelas almas sofridas clamando para que fosse reconstruída a capelinha e nela colocada a imagem da Santa. Diziam os mais antigos moradores do Itaguá que somente assim aquelas almas teriam paz.

Após alguns anos surgiu na comunidade do Itaguá um movimento para a reconstrução da capelinha. Foram realizados muitos leilões e obtidos donativos através de livro de ouro e até mesmo um terreno, medindo 12m x 30m, situado no bairro do Perequê-Açú foi doado para ser sorteado pela loteria federal do Natal de 1951. O bilhete custava CR$ 25,00.

Mas o grande momento para a comunidade do Itaguá foi a inauguração da capelinha, que ocorreu em 14 de julho de 1956. Foram semanas de preparação para o tão esperado dia. O povo do Itaguá não falava em outra coisa a não ser em trazer de volta a imagem de Nossa Senhora das Dores para seu devido lugar. Chegado o grande dia, a comunidade do Itaguá se engalanou e em grande procissão trouxe a imagem de volta. Contam os moradores mais antigos do Itaguá, que a procissão trazendo a imagem e chegando à porta da capelinha, criou um momento de muita emoção. As pessoas choravam, davam vivas à santa, fogos pipocavam no céu e a banda do senhor Genézio Arruda, trazida especialmente de Taubaté, tocava sem parar. Em seguida foi realizada uma Santa Missa para abençoar a nova moradia de Nossa Senhora das Dores, que sempre esteve nos corações dos moradores da comunidade do Itaguá.

A comemoração à Nossa Senhora das Dores é realizada todos os anos no mês de setembro com uma grandiosa festa religiosa e folclórica.

FONTE
Sidnei Martins Lemes
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