Fandango
Fandangueando, fandanguear, fandangando em Ubatuba
O Fandango é um conjunto de danças de salão muito apreciado nos estados do sul do Brasil, entre elas há uma dança denominada Xiba e que ainda é dançada em Ubatuba.
Vários autores estudiosos do assunto têm levantado hipóteses que o Fandango chegou ao Brasil através dos portugueses, mas acham também que eles receberam essas danças dos espanhóis. Outros estudiosos acham que essa manifestação chegou até a Espanha com os mouros quando da invasão da península Ibérica e daí até Portugal. No Brasil o Fandango foi introduzido através dos açorianos por volta de 1774 no Rio Grande do Sul e daí chegou até o Litoral Paulista e Interior. (*)
O Fandango do Litoral Paulista é composto por dezenas de danças com as mais variadas coreografias. Pela riqueza desse conjunto de danças notamos que o Fandango, no século XVIII, veio animar as festas palacianas ao lado do Minueto Emproado e da Valsa Figurada. No final do século XVIII, com a chegada do Shottish e da Polca, o Fandango volta para as mãos do povo de onde veio. Outro fato que colaborou para que o Fandango fosse deixado de lado pelos palacianos foi devido aos ataques que recebia das Ordenanças Reais, que usavam o argumento dizendo que o mesmo era dança maliciosa e isso era herege. (*)
FANDANGO DE UBATUBA
Algumas danças que compõem o Fandango de Ubatuba: Xiba (também conhecido pelos caiçaras ubatubenses como Bate-pé e Cachorro do Mato), Recortado, Ciranda de Roda, Tontinha, Cana Verde, Mangericão, Vilão de Lenço, Vilão de Mala, Serrabaile ou Serrabalha, Anuzinho, Marrafa, Ubatubana, Canoa etc.
Antigamente era costume em Ubatuba dividir o Fandango em três partes. Primeiro dançavam o Xiba até a meia noite, chamado de rufado ou batido. Depois vinha o Bailado Valsado, danças menos agitadas, como Ciranda de Roda, Canoa etc., sem o sapateado e palmas. Nessa pane o pessoal aproveitava para tomar uma golada de café ou concertada (bebida típica do Litoral Paulista), ou mesmo uma pinguinha. Na terceira parte estava de volta o Xiba rufadíssimo, momento de encerrar o Fandango. Muitas vezes já com o sol nascendo o pessoal fechava as janelas para dançar a última roda de Xiba.
XIBA
Para dançar uma roda de Xiba são usados diversos casais, sempre em número par, oito ou dez, e assim por diante. Em determinados momentos os homens fazem o sapateado e batem palmas, sempre no ritmo da música ditado pela viola. As mulheres participam dos movimentos coreográficos que são formados no decorrer da dança.
O Xiba é cantado em versos tirados pelo mestre da dança e são usados os seguintes instrumentos: viola de dez cordas, cavaquinho, rebeca ou rabeca e adufe (pandeiro). Antigamente os dançadores de Xiba usavam tamancos feitos de pau de laranjeira para ritmar a dança.
Na zona pastoril do Estado de São Paulo é dançado o Cateretê que também é sapateado e palmeado, mas não tem a participação da mulher e os homens usam esporas chilenas para retinir no sapateado. Já o Fandango dançado na região de Ribeirão Grande e Capão Bonito (sudoeste do Estado) usam tamancos e sanfona de oito baixos para marcar o ritmo.
O Fandango em Ubatuba foi muito apreciado até os anos 70 e não havia uma data específica para se dançar. Havia Xiba nos batizados, noivados, casamentos ou visitas da romaria do Divino Espírito Santo. Atualmente o Xiba é dançado na comunidade do Prumirim, ao norte do município.
"Aquela morena ingrata
Não sabe agradecer
Passeia meu bem, passeia
Até o dia amanhecer."
Benedito Fernandes e Ditinho Alves - Sertão do Puruba
Fandango: palavra que tem origem no latim, FIDICINARTE, e quer dizer tocar lira.
(*) Araújo Maynard Alceu - Documentário Folclórico Paulista 1952 - SP
FONTE | Sidnei Martins Lemes |
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