Estamos tão acostumados a considerar que a natureza em Ubatuba é simplesmente excepcional que, muitas vezes nos esquecemos, que na verdade, ela não passa de um trecho remanescente do que um dia foi a Mata Atlântica. E o trecho sobrevivente que vivemos admirando vive aos estertores. Existe uma fórmula cruel na relação homem/natureza que quando medida pelo verde perdido, mascara a real destruição pois a verdade, a crueldade da fórmula está na vida que se vai com a chegada do homem e da urbanização. Quando vejo que não mudaremos em nada, a relação abaixo se assemelha a um corredor da morte. Tudo leva a crer que mais e mais aves deverão ascender na escala, rumo à categoria dos extintos na natureza. Extintas na natureza: Mitu Mitu ou mutum do nordeste Cyanopsitta spixii – ararinha azul Em Ubatuba temos entre as ameaçadas, as seguintes aves: Claravis godofrida – pararu-espelho – uma pombinha cinza azulada. Touit melanonota – apuim-da-costa-preta – periquito. Amazona vinacea – papagaio-do-peito-roxo. Glaucis dohrmii – beija-flor-canela. Iodopleura pipra - anambé de crista – endêmico. Hemitriccus furcatus – maria-tesourinha – endêmico. Leucoptermis lancernulata – gavião-pombo-pequeno. Triclaria malachitacea – sabiá-cica. Biatas nigropectus – choca-da-taquara. Myrmotherula minor – choquinha-pequena. Myrmotherula unicolor – choquinha cinzenta – endêmico. Laniisoma elegans – chibante. Carponis melanocephalus – cocho. Ligaugus lanioides – cricrió-da-serra. Piprites pileatus – caneleirinho-cantor. Phylloscartes paulistus – não-pode-parar. Sporophila frontalis – pichochó. Dacnis nigripes – saí-de-perna-preta. Entre as quase ameaçadas: Tinamus solitarius – macuco. Ramphodon naevius – beija-flor-rajado. Baillonius bailloni – saripoca-poca. Picumnus aurulentus – pica-pau-verde-dourado. Leptasthenura setaria – grimpeiro. Dysithamnus stictothorax – choquinha-de-peito-pintado. Drymophila genei – trovoada-da-serra. Drymophila pchropyga – trovoada-ocre. Psilorthamphus guttatus – macuquinho-pintado. Merulaxis ater – bigodudo-preto. Scytalopus indigoticus – macuquinho-perereca. Phibalura flavirostris – tesourinha-da-mata. Tijuca atra – saudade-assobiador. Carponis cucullathus – corocochó. Procnias nudicollis – araponga. Hemitriccus orbitatus – maria-tiririzinha. Phyllomyias griseocapilla – poaieiro-serrano. Phylloscartes eximius – barbudinho. Phylloscartes oustaleti – treme-rabo. Phylloscartes difficilis – estalinho. Phylloscartes sylviolus - maria-pequena. Platyrinchus leucoryphus – patinho-de-asa-castanha. Amaurospiza moesta – cigarrinha-da-taquara. Orchesticus abeillei – tié-pardo. Tjraupis cyanoptera – sanhaço-da-serra. São quarenta e uma aves ameaçadas. Se considerarmos que temos 389 espécies visíveis em Ubatuba, estamos falando de uma perda de mais de 10% da nossa avifauna provocada pelo aumento desordenado da nossa população. Destas, algumas merecem especial atenção, a Iodopleura pipra que, em nosso município encontra um único refúgio no bairro do Taquaral e adjacências, é a primeira candidata a subir na escala rumo ao fim. Nota: Status de acordo com a Birdlife International.
Nota do Editor: Carlos Augusto Rizzo mora em Ubatuba desde 1980, sendo marceneiro e escritor. Como escritor, publicou "Vocabulário Tupi-guarani", "O Falar Caiçara" em parceria com João Barreto e "Checklist to Birdwatching". Montou uma pequena editora que vem publicando suas obras e as de outros autores.
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