Festa começa na noite do dia 24, com participação de 11 nações de maracatu, orquestras de frevo, fogos de artifício e show para 500 mil pessoas
O Carnaval Multicultural do Recife será aberto oficialmente na sexta-feira (24), às 18 horas, com uma festa apoteótica. No palco armado no Marco Zero – centro histórico da cidade – o percussionista Naná Vasconcelos, acompanhado por uma orquestra de sopro, regerá 400 batuqueiros de 11 nações de maracatu de baque virado – alguns deles seculares, como o Leão Coroado, fundado em 1863 – e cantores de variados estilos musicais. De Claudionor Germano (frevo) ao vocalista da banda Nação Zumbi, Jorge Du Peixe (rock). Em seguida, às 21h30, após um espetáculo de fogos de artifício – ao som de Bachianas, de Villa-Lobos -, subirão ao palco os compositores Alceu Valença, Silvério Pessoa e Lula Queiroga para o show de encerramento da noite. A Prefeitura do Recife estima que pelo menos 500 mil pessoas estarão no Marco Zero durante a festa de abertura do carnaval. Na mesma noite, em vários pontos do Marco Zero, haverá desfiles de grupos de caboclinhos, maracatus e blocos carnavalescos tradicionais. Nos antigos prédios do bairro, estão programadas festas com a participação de DJs, bandas e pequenas orquestras. A Central do Carnaval, em frente ao palco do show de abertura, funcionará até a manhã do dia 25. Ali, turistas e foliões poderão adquirir adereços e fantasias e obter informações sobre a programação dos quatro dias de Momo. No sábado (25), a grande atração é o desfile do Bloco de Máscaras Galo da Madrugada, que reúne mais de 1,5 milhão de foliões nas ruas centrais do Recife (feito já registrado no Guiness Book). Com vários carros alegóricos, o Galo apresentará o tema “Rumo ao Hexa”, dedicado ao futebol. Este ano, o bloco percorrerá um quilômetro a mais além de seu roteiro original. Ainda no sábado, no palco armado em frente ao camarote da Prefeitura, na Avenida Guararapes - ponto de concentração do Galo da Madrugada - Elba Ramalho, junto com a SpokFrevo Orquestra, fará um espetáculo baseado no mais tradicional ritmo de Pernambuco, o frevo. De sábado a Quarta-Feira de Cinzas – além de centenas de desfiles de troças, blocos, escolas de samba, afoxés, caboclinhos, orquestras de frevo e maracatus - haverá shows em diversos pólos de animação – no centro e no subúrbio – com todos os artistas convidados para a festa. Detalhe: ninguém precisa pagar ingresso para ver os shows ou acompanhar os blocos. “O carnaval do Recife é o mais democrático e mais participativo do País”, afirma o prefeito da cidade, João Paulo. “Não temos cordões de isolamento para separar o povo de sua música e de seus artistas”, completa o secretário de Cultura, João Roberto Peixe. Durante os quatro dias de folia se apresentarão nos pólos de animação da cidade mais de 500 artistas, entre os quais Lenine, Antônio Carlos Nóbrega, Leci Brandão, Martinho da Vila, Junio Barreto, Paulo Moura, Nação Zumbi, Mart’Nália, Gabriel O Pensador, Vanessa da Mata e Elba Ramalho. Rec Beat Há três anos o carnaval do Recife é realizado dentro de um novo conceito. A festa é distribuída por toda a cidade, descentralizada em 42 pólos (16 dos quais no centro da cidade) onde se apresentam – ao ar livre – cerca de 200 agremiações e astros da música brasileira. “São 12 quilômetros quadrados de carnaval”, observa o prefeito João Paulo. A grande festa de 2006, portanto, estará espalhada por toda a cidade – do centro ao subúrbio - em seus pólos de animação. Cada um deles será dedicado a um tema específico. O Pólo Multicultural, instalado Marco Zero, por exemplo, representará o carnaval tradicional da cidade, com apresentações de caboclinhos, blocos de frevo e maracatus. Já o Pólo Mangue (Cais da Alfândega), celebrará a vanguarda. A exemplo de 2005, neste local não haverá apenas o som do Mangue-beat, criado por Chico Science. Será também palco para desfiles de moda ao som eletrônico dos mais festejados Djs brasileiros. O destaque é a realização, na Tenda MangueTown, do famoso festival Rec Beat, que reúne bandas de rock e pop de todo o País e do exterior. O carnaval deste ano presta homenagem ao escritor Ariano Suassuna e ao cantor Claudionor Germano. Toda a decoração da cidade, criada pelo arquiteto Carlos Augusto Lira, é uma referência aos ícones da obra de Ariano, baseado no Movimento Armorial, que em Pernambuco mantém influências na literatura, nas artes plásticas, na música e no teatro. Paraibano radicado no Recife, Ariano é membro da Academia de Letras e autor do clássico “A Pedra do Reino” e teve sua peça o “Auto da Compadecida” adaptado para a TV (Globo) e para o cinema. Claudionor Germano é o mais conhecido cantor de frevos do Estado. Era o interprete preferido de Capiba (1904 –1997). Em 1953, Claudionor gravou seu primeiro disco, em 78 rotações, com o frevo-canção "Boneca", de Aldemar Paiva e José Menezes, e "Come e Dorme", com a orquestra do compositor Nelson Ferreira. Está em plena atividade e, neste ano, cantará em vários palanques armados na cidade.
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