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Arte e Cultura
14/01/2006 - 05h39
Editora soube captar o clima dos anos 80
Agência USP de Notícias
 
A atuação do editor Caio Graco Prado foi marcante para o sucesso da Editora, que inovou nos aspectos gráficos e publicou livros literários e acadêmicos para jovens. A coleção Primeiros Passos vendeu cerca de dois milhões de livros

Os jovens que viveram os anos 80 no Brasil pediam "anistia ampla, geral e irrestrita". Essa geração, segundo o jornalista Marcelo Rollemberg, vivenciou o início das liberdades democráticas e pregou pelas individualidade, ao contrário das gerações combativas anteriores, cujo lema era a coletividade. "A Editora Brasiliense, cujos títulos fizeram muito sucesso na década de 80, teve o mérito de captar o "clima" do momento", conta Rollemberg, que apresentou recentemente seu mestrado na Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP sobre a Editora.

A Editora Brasiliense foi fundada na década de 40 por Caio Prado Jr, que passou a direção, nos anos 70, para seu filho, Caio Graco Prado. Graco conseguiu tirar a editora de um processo de falência e levá-la ao sucesso na década de 80. Rollemberg atribui a "volta por cima" ao investimento da editora na publicação de coleções para jovens - como as séries Primeiros Passos (livros acadêmicos de iniciação) e Circo de Letras (obras de ficção).

Em seus dois primeiros anos, por exemplo, a coleção Primeiros Passos vendeu cerca de dois milhões de livros - o título O que é ideologia (escrito pela filósofa Marilena Chauí) vendeu, sozinho, 200 mil exemplares. "São números surpreendentes para os padrões brasileiros, sobretudo numa época de inflação altíssima."

"A Brasiliense foi a primeira editora brasileira a publicar livros em formato de bolso, com preços mais acessíveis", informa o jornalista. "Além disso, suas publicações eram inovadoras." Rollemberg se refere tanto à inovação na linguagem quanto nos aspectos visuais. "A editora criou capas ’pop’, que chamavam a atenção. Algumas, por exemplo, eram feitas por grafiteiros. Cada coleção tinha, também, um slogan. Todo esse conceito acabou sendo copiado pelas demais editoras."

O momento

Segundo Rollemberg, a editora Brasiliense conseguiu, na década de 80, "captar o espírito da época" - algo que transpareceu tanto no formato e nas temáticas dos títulos publicados quanto na habilidade editorial de Caio Graco. "Ele resgatou o trabalho do editor. Ele discutia o texto junto com o autor, e propunha modificações."

O jornalista também enfatiza o forte aspecto "geracional" no sucesso da editora. Muitos dos livros publicados pela Brasiliense são, hoje, ícones da geração daquela época e da cultura Beatnik. A editora publicou, por exemplo, livros de John Fante (o autor de Pergunte ao Pó) e o best-seller Feliz Ano Velho, de Marcelo Rubens Paiva. "Nessas obras, o jovem fala para o jovem. A linguagem é mais direta e cria um diálogo com o leitor."

No fim da década de 80, contudo, a Editora Brasiliense entrou em decadência. Segundo o jornalista, ela "não soube se renovar". "A editora não soube ser herdeira de si mesma. Ela inovou no início dos anos 80 mas, com a chegada de novos tempos, não conseguiu captar o que os novos leitores queriam", afirma. Atualmente, o mercado de livros de bolso é dominado por outras editoras, e a Brasiliense investe na republicação das obras que marcaram os anos 80.

Durante sua pesquisa, o jornalista entrevistou pessoas que vivenciaram o momento e o sucesso da Editora Brasiliense, como escritores, ex-editores e livreiros. "Uma linha comum nas falas dos entrevistados é a idéia de que Caio Graco transgrediu as regras. Ele tinha uma visão única sobre o que a geração da época queria ler." Caio Graco morreu em 1992, aos 60 anos, vítima de um acidente de moto.

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