Eduardo César: enganador ou enganado?
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Na quinta-feira, 5, pretendia escrever sobre a suspeita do Ministério Público (MP) no envolvimento de Eduardo César (PL), em um esquema para aprovar alterações na Lei de Uso do Solo beneficiando um empresário do setor imobiliário, em 1999, quando era vereador. O MP denunciou políticos por improbidade administrativa, pediu a perda dos direitos políticos e o ressarcimento do dinheiro recebido com juros e multas. Segundo o promotor Osvaldo de Oliveira Coelho a pena prevista para crime de corrupção passiva é de um a oito anos de reclusão. Pretendia, mas no dia 4, às 17h46, recebi release em que a Prefeitura Municipal de Ubatuba afirmava ter Geraldo Fernandes Ribeiro do Vale, juiz substituto da 2ª Vara Cível de Ubatuba, concedido naquele dia, o pedido de reconsideração solicitado pela Prefeitura para a retirada de uma amendoeira, na praia de Iperoig (praia do Cruzeiro). Para conseguir esta "vitória" a prefeitura instruiu o processo com laudo elaborado pelo engenheiro Luciano Pradella, apontando a árvore como doente e oferecendo riscos à população que transita pelo local. O engenheiro assessora a Secretaria Municipal de Meio Ambiente. Como tinha que participar de uma reunião do Grupo Setorial de História e Geografia da Fundart - Fundação de Arte e Cultura de Ubatuba e, pensando que os funcionários da Prefeitura não sairiam, a mando de Eduardo Ramos, digo Eduardo César, correndo, para derrubar a amendoeira, liguei para o jornalista Sidney Borges para informá-lo do ocorrido. Borges já estava sabendo e disse-me que estaria acompanhando. Apreensivo, fui para a reunião. Sendo a Fundart localizada próxima ao local, decidi dar uma passadinha por lá (praia de Iperoig) e constatar em que pé estavam as coisas. O chapéu-de-sol "ainda estava de pé". Estranhei a presença do Secretário de Obras e Serviços Públicos (João Paulo Rolim), do Assessor de Governo (Mauro Gilberto de Freitas) e de mais algumas pessoas cujos nomes desconheço. A única coisa que me ocorreu naquele momento foi avisar a Polícia Militar Ambiental e sai apressadamente a procura de um telefone. O soldado Pires disse-me que eles já estavam sabendo e que servidores municipais informaram da autorização conseguida na Justiça e que a árvore seria transplantada em uma praça no Perequê-Açú. Questionei, indignado, sobre o transplante de uma "árvore doente" (segundo as alegações da Prefeitura) e as chances disso dar certo. Pires recomendou que eu falasse com o cabo Oirassil, pois havia sido ele quem obteve a informação do transplante diretamente dos servidores públicos municipais. Chegando finalmente na Fundart informei que não participaria da reunião e entreguei um envelope contendo uma foto em que Nenê Velloso, com a ajuda de amigos, fez a identificação de todas as pessoas que participaram de um evento em 1953. Coloquei os presentes a par do que estava ocorrendo na praia de Iperoig. Soube mais tarde que a reunião do Grupo Setorial não teve prosseguimento pois seus componentes foram constatar o absurdo cometido pela administração Eduardo César. Voltei para a praia do Cruzeiro e me posicionei perto da árvore, mas do lado oposto ao que estavam os servidores públicos municipais, já em maior número. Diga-se de passagem, exultantes, demonstrando vitória que até agora não consegui atinar. A amendoeira foi derrubada. Impaciente, fiquei zanzando pelas redondezas quando assisti, o secretário de Meio Ambiente (Paulo Roberto Pires) ir ter com seus pares, responsáveis pela descaracterização da praia de Iperoig. Neste ínterim vi, de longe, o advogado Thomas De Carle, membro da Comissão de Meio Ambiente da OAB de Ubatuba, já em seu segundo mandato, ser agredido por Mauro Gilberto de Freitas, vulgo Maurinho, Assessor de Governo de Eduardo César. Tentei falar com De Carle, mas até chegar onde ele estava, já tinha se retirado e por mais que eu gritasse o seu nome, não me escutou. Testemunhei para a Polícia Militar Ambiental (cabo Oirassil Lopes da Mota) transmitindo minha indignação com a desculpa (árvore doente oferecendo riscos à população que transita pelo local) usada pelo prefeito Eduardo César para derrubar a amendoeira. A alegação de transplantar uma árvore doente (?) é inconcebível. Ainda vagando pelo local, coincidentemente, no mesmo ponto onde vi a agressão de Maurinho sobre Thomas De Carle, presenciei a vez do jornalista Sidney Borges ser agredido, também por Maurinho. Borges, profissionalmente, tentava fotografar o servidor público. O Assessor de Governo de Eduardo César transmitia a impressão de estar possuído. Não queria ser fotografado. Estranha posição, sempre pensei que somente os bandidos, transgressores da lei detestassem os fotógrafos, quando no exercício de suas atividades profissionais. O secretário de Arquitetura e Planejamento Urbano, Rafael Ricardi Irineu, chegando atrasado, escafedeu-se tão logo me viu. Lembro-me perfeitamente quando disse que se amarraria à amendoeira, para impedir qualquer dano. Que a Prefeitura não faria um absurdo desses. Agora me dirá que o tal do Pradella é que entende da coisa. Anoitecia. Muitos pássaros sobrevoavam o local, alguns inclusive, entrando por entre os galhos do chapéu-de-sol posto ao chão pela administração de Eduardo César. Um ecossistema totalmente destruído. Imaginando quantos ícones de Ubatuba ainda serão destruídos nos próximos 3 (três) anos por esta nefanda administração que se diz "do resgate", resolvi, tirando a última foto da amendoeira, ponto de referência de muitas das minhas lembranças, ir para minha casa. * Pensando na providencial doença que acometeu a amendoeira no momento em que ela atrapalhava a obra de cobertura da Feira Hippie e no transplante de uma árvore doente para uma outra área, fico imaginando que o engenheiro Luciano Pradella, que assessora a Secretaria Municipal de Meio Ambiente da administração de Eduardo César, tomou as providências para que nada de errado aconteça. Cabe-nos agora acompanhar os trabalhos do técnico especializado. A rapidez (como se para que a população indignada não tivesse tempo para questionar a decisão judicial), com que Eduardo César mandou derrubar a amendoeira foi totalmente incompatível com o tempo decorrido na execução dos serviços públicos tão necessários à cidade. Isto é legal? Não seria necessário dar tempo para a manifestação da outra parte? A destruição, irreversível, de um patrimônio público não pode ser feita sem que se esgote a discussão. Para que você possa ter dados na avaliação do que aconteceu no dia 04, na praia de Iperoig, até o secretário de Administração, Silvio Bonfiglioli Neto, se fez presente. A quantidade de servidores públicos municipais, ocupantes de cargos em comissão, que acompanharam a destruição daquele patrimônio visual foi muito grande. Por que este interesse? Foi uma mostra de "força"? A administração Eduardo César está querendo intimidar a população de Ubatuba? Resta-me, como munícipe, alertar ao prefeito que, as atitudes de Maurinho são incompatíveis com o cargo que ocupa. Patente é a falta de decoro e o despreparo de seu assessor no desempenho do cargo que ocupa. Os prejuízos para a administração Eduardo César são irreversíveis e isto fatalmente reverterá para o município. A demissão deste servidor público estancaria o prejuízo que a municipalidade está tendo com o pagamento de seus salários e benefícios, bem como no acerto dos erros que comete. Nota do Autor: Não consegui terminar este texto no dia 5 pois o telefone não parou de tocar e também tive que explicar o que estava acontecendo nas respostas aos e-mails que recebi.
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