| Carlos Rizzo | | | | Escoteiro (centro) e Ten. Samuel (direita). |
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Li com emoção a história da biblioteca que o Eduardo Souza escreveu, contemporâneo de Idalina Graça ele sabe muito bem o que diz, e diz com o coração. Excluindo as capitais, poucas cidades do Brasil têm uma história como a de Ubatuba e o Ateneu Ubatubense é realmente um capítulo à parte. No livro "Ubatuba" de Félix Guisard há algumas atas das primeiras atividades do Ateneu lá pelos idos de 1870 até a doação de 5.000 exemplares feita por SM o Imperador do Brasil D. Pedro II, quando o Ateneu permitiu a freqüência das mulheres e quando passou a emprestar os livros do seu acervo. Imagino a intensidade das atividades culturais que Ubatuba vivia naquela época e foi dentro deste espírito que o Grupo Setorial de Literatura criou o Ateneu Antenado. A proposta é o encontro dos coordenadores dos grupos setoriais para ali se discutir a vida cultural de Ubatuba dos dias de hoje. Algumas atividades são agendadas e o restante acontece por conta do momento. O grande mestre de cerimônias é a liberdade e a criatividade. Se naquela época o Ateneu Ubatubense era atividade principal da cidade hoje o Ateneu Antenado sofre cruéis concorrências, seja da televisão, seja das inúmeras outras atrações que Ubatuba oferece. Mesmo assim insistimos no encontro de pessoas e na troca de idéias. Nesta última edição, tivemos a apresentação do Grupo Tupinambrás com seu repertório afinadíssimo do melhor da MPB. Entre uma música e outra, o público foi chegando enquanto o Ten. Samuel aguardava os convidados para o lançamento do seu segundo livro sobre a Ilha Anchieta. Escoteiro, seu amigo e personagem, do alto dos seus 82 anos ia recordando o tempo em que morou em Ubatuba depois da rebelião. Entre os presentes foi encontrando parentescos que poucos se lembravam, foi descrevendo ruas, locais e atividades que ninguém podia imaginar. São encontros como o da foto que vão reconstruindo a História recente de Ubatuba. Ten. Samuel é um verdadeiro mestre neste labirinto de lembranças que a Ilha Anchieta vai aflorando nos remanescentes. Ficou em nós a lembrança do encontro, quem não esteve lá tem o segundo livro do Ten. Samuel para saborear parte da História de Ubatuba.
Nota do Editor: Carlos Augusto Rizzo mora em Ubatuba desde 1980, sendo marceneiro e escritor. Como escritor, publicou "Vocabulário Tupi-guarani", "O Falar Caiçara" em parceria com João Barreto e "Checklist to Birdwatching". Montou uma pequena editora que vem publicando suas obras e as de outros autores.
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