A festa rave realizada este ano na Fazenda Angelim, bairro do Taquaral, ainda espalha conseqüências. Depois de noticiado entre os observadores que visitam Ubatuba, grande parte deles deixou de visitar o local, primeiro em protesto, e agora, diante da significativa baixa nas espécies que eram visíveis ali.

Não sei quanto os proprietários da fazenda faturaram com o aluguel para 24 horas seguidas de música e, outras cositas mais, próprias de uma rave. Não sei também se o objetivo deles é esse mesmo, o dinheiro fácil e imediato.

Sou vizinho da barulhenta fazenda, quando da realização da festa no meu quarto de dormir medimos perto de 80 dB do barulho que eles chamam música, no quintal da minha casa teve correção de formigas e agora podemos constatar outro transtorno provocado pela rave.

Este ano ainda não foi observado nenhuma Iodopleura pipra na Fazenda Angelim, lá era um ponto de observação, e na minha casa que no ano passado havia somente um ninho, hoje podemos constatar facilmente quatro ninhos em plena função. Deve haver outros transtornos, mas minha capacidade é limitada.

Os pássaros são os primeiros sinalizadores da degradação do Ambiente. Essa é uma lei que ninguém consegue reverter ou alterar. Ou você preserva o Ambiente, ou os pássaros vão embora.

Outro dia uma conhecida ficou animada com uma série de informações sobre pássaros que trocamos durante uma conversa. Salientando a minha determinação, me considerou um entusiasta.

Fui obrigado a corrigi-la. Sonho mais que isso. Sonho com o dia que os homens determinarão os locais, a densidade e a utilização das ocupações urbanas respeitando os pássaros visíveis na área a ser ocupada. Outro dia falei isso para um urbanista e percebi que uma luzinha acendeu em algum pensamento dele. Fiquei satisfeito.

Uma cidade turística como Ubatuba, com 80% do seu território inserido na Mata Atlântica, não pode se dar ao luxo de abrir mão das suas qualidades naturais. Não podemos permitir que atividades degradadoras, desde uma festa rave ou locação de filmes em plena mata, construções dentro do Parque Estadual, ou ainda, conjuntos habitacionais com o mesmo desenho dos grandes centros, façam parte do nosso cotidiano.

Tudo tem um limite, inclusive o tamanho e as atividades de uma cidade. A natureza já está sinalizando o seu ponto de saturação. Os rios de Ubatuba também estão secando. Está na hora de olhar com mais responsabilidade a casa (planeta Terra) que ocupamos. E, nós moradores de Ubatuba, temos que lutar com mais fervor por uma cidade digna e sem a degradação do rico Ambiente que nos rodeia.

A natureza não aceita apostas e é implacável nas suas respostas ao descaso com o Ambiente. Os pássaros já estão sinalizando.